O anúncio do Renda Cidadã, ampliação do Bolsa Família que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta criar para compensar o fim do auxílio emergencial, não será mais apresentado nesta quarta-feira (7), como inicialmente previsto.De acordo com o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC (proposta de emenda à Constituição) que vai criar o programa social batizado primeiramente de Renda Brasil, a proposta será apresentada somente na semana que vem, e isso "se Deus quiser"."Olha, mais uma vez a previsão é que entreguemos tudo na semana que vem: pacto federativo, PEC Emergencial. Mas é sempre uma costura, então, tem que ter paciência", afirmou Bittar ao chegar ao Palácio do Planalto na tarde desta terça para uma reunião com Bolsonaro.É na PEC Emergencial que o Renda Cidadã será inserido. Questionado especificamente sobre o programa, ele reforçou a nova previsão."Semana que vem, se Deus quiser está pronto."Bittar afirmou que há uma série de conversas em curso e que o ambiente fica mais favorável com a reaproximação entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciada por ambos na noite de segunda-feira (5)."Não há como apresentar amanhã. É melhor gastar mais uns dias e apresentar algo que esteja consensuado", afirmou.O Renda Cidadã foi anunciado pouco após o presidente Jair Bolsonaro interditar qualquer discussão sobre o Renda Brasil. No dia seguinte, Bittar informou aos jornalistas que o programa entraria em seu relatório.O governo anunciou como fontes de recursos para o programa dinheiro de precatórios e da educação, o que gerou forte reação do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Congresso que entenderam a intenção como um calote e como um drible ao teto de gastos.Nesta terça, Bittar não respondeu se seu relatório já trará a fonte dos recursos, mas, questionado se haveria respeito ao teto de gastos, ele disse que "claro".O relator disse que vem sendo aconselhado pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), integrante do que se convencionou chamar de ala desenvolvimentista do governo, e já criticado por Guedes por defender internamente uma flexibilização do teto de gastos."Qual é o problema? Olha, eu peço conselho para você, para o Marinho... Qual o problema? Não tenho este tipo de vaidade. O conselho do Marinho é o mesmo do presidente da República: faça o melhor para o Brasil", respondeu a uma jornalista, reclamando que especulações sobre suas conversas com o ministro "beiram a fofoca".