A Apple disse nesta sexta-feira, 2, que vai suspender o seu programa que permitia que funcionários da empresa tivessem acesso aos áudios de usuários da assistente digital Siri. A medida é uma resposta à reportagem do jornal The Guardian, publicada na semana passada, que revelou a prática da Apple – terceirizados da companhia tiveram acesso inclusive a informações como históricos médicos, negociações para compras de drogas ilícitas e atos sexuais.   

A empresa afirma que só escuta uma pequena parcela das conversas, que são usadas para treinar o sistema. De acordo com a Apple, a análise dos áudios é feita de forma aleatória, sem a identificação do usuário, e os dados são armazenados com criptografia nos servidores da companhia.

“Estamos comprometidos em entregar uma ótima experiência com a Siri e também em proteger a privacidade do usuário. Enquanto realizamos uma revisão completa, estamos suspendendo a análise da Siri globalmente”, afirmou a Apple em comunicado. Além disso, a empresa afirmou que após uma atualização de software os usuários terão a opção de escolher participar ou não do programa de treinamento da Siri. 

A Apple não afirmou se vai continuar armazenando os áudios da Siri em seus servidores. 

Na indústria, o papel de humanos para treinar máquinas a conversar é amplamente conhecido - são eles que transcrevem áudio e indicam ao sistema se estão entendendo corretamente as informações. A Apple não foi a primeira a se ver num caso de terceirizados ouvindo áudios de usuários: Amazon e Google também já foram centro de casos do tipo. 

Google também muda sua política
Nesta quinta-feira, 1, o Google suspendeu as transcrições das gravações de voz feitas pelo Google Assistant na União Europeia, de acordo com o site CNBC. A empresa vai suspender a prática por pelo menos três meses. 

Segundo a reportagem, a empresa admitiu em julho que parceiros que analisam as vozes gravadas pelo assistente digital vazaram mais de mil conversas particulares para um veículo de notícias da Bélgica. Algumas dessas gravações revelavam informações sensíveis, como condições médicas e endereços dos usuários.