Os aplicativos de entrega vêm crescendo nos últimos anos na Capital e no interior do Estado. Diante desta explosão de opções, o número de trabalhadores que atuam na área de entrega também aumentou. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que a quantidade de pessoas que escolheram esse ramo cresceu em 201 mil pessoas no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2018, a quantidade de pessoas que trabalham por conta própria com delivery saltou 104,2%.

A partir do crescimento do uso dos aplicativos de entrega na Capital, um comportamento que já comum nos grandes centros do País, quem também tem lucrado com este aumento são as fabricantes de motocicletas. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram que as indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) produziram 92.894 motocicletas em setembro. O volume é 15,1% superior a setembro de 2018 (80.687 unidades).

O IBGE não consegue detectar as compras de automóveis por pessoas físicas que usam o veículo como ferramenta de trabalho. Porém, Maykel Lago Portela, gerente comercial de uma concessionária de Palmas, afirma as vendas de motos cresceram nos últimos dois anos mais de 28% na loja. Somente na Capital são vendidas mensalmente 300 unidades, por dia uma média de 12 veículos desta natureza. Ele garante que 90% dessas vendas são realizadas para pessoas que utilizam o veículo para trabalho.

“Muitos viram nos aplicativos de entrega uma oportunidade de trabalho e por isso adquirem uma motocicleta. Mas além deste motivo, a economia tem impulsionado no País. Há dois anos o maior faturamento na loja era pelo consórcio que representava 80% das vendas e hoje ele representa somente 60% do faturamento, ou seja, a facilidade dos bancos na hora de conceder o crédito para o consumidor motiva as vendas. Os aplicativos são autônomos e os bancos pensam justamente nesse tipo de trabalho na hora de ceder o crédito”.

Oportunidade

O autônomo Maisson Ricardo Brito da Silva, 24 anos, resolveu apostar no delivery de comida para complementar a renda. No início, ele usava a motocicleta do pai, tempos depois investiu em seu próprio veículo. “Decidi fazer um consórcio e adquiri uma moto para minha nova profissão. Eu vi que daria certo trabalhar com isso e então comprei a motocicleta para trabalhar”. De acordo com o entrevistado, ele fatura em média R$ 2.500,00 por mês atuando como motoboy. “Hoje essa é a minha única fonte de renda. Eu vi no aplicativo uma oportunidade de emprego. Faço uma média de 35 entregas por dia. A empresa que eu trabalho vem crescendo e vejo perspectivas de crescimento para mim também lá dentro”.

Aplicativos

Conforme o sócio proprietário de um aplicativo de delivery na Capital, Fabio Varanda, o número de entregadores no estabelecimento cresceu 40% nos últimos dois anos. Ele acredita que o impulso neste setor da empresa ocorreu devido à demanda na cidade e a perspectiva de aumentar a renda que muitos enxergam na plataforma. “Existem pessoas que não são entregadores apenas, mas fazem o trabalho como bico, como um adicional na renda e isso impulsa o crescimento. Temos exemplos de pessoas na empresa que trabalham em lojas durante o dia, e a noite como entregadores. Ou seja, elas viram no aplicativo uma oportunidade de negócio e consequentemente investiram na compra de uma moto como ferramenta de trabalho”.

Além disso, ele menciona que a expansão no número de entregadores é gradativa porque cresceu a quantidade de restaurantes na Capital que utilizam o serviço de delivery. “É uma cadeia. Se tenho uma quantidade maior de pedidos, terei que ter uma disponibilidade maior de motoboys. Outro comportamento que observamos na empresa é que os entregadores trocam as motocicletas e isso está relacionado ao fato de muitos se preocuparem com a estética do veículo, que é sua ferramenta de trabalho. Eles fazem uso da moto como se fosse algo do corpo, há uma relação afetiva e cuidadosa com o veículo”, finaliza.