Francisco Monteiro, de 28 anos, é casado, tem três filhos e está sem emprego há dois meses. As contas de luz, água e operadora de celular, além dos débitos antigos, têm se acumulado. Para honrar os compromissos, o pai de família recorre a “bicos” e empréstimos.

O caso de Monteiro, infelizmente, é cada vez mais comum. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em outubro, o Tocantins registrou saldo de vagas de apenas 47 empregos com carteira assinada.

O problema é que, quando o trabalhador fica desempregado, nem sempre as alternativas adotadas resolvem essa questão. No caso de Monteiro, por exemplo, os empréstimos têm acumulado juros, piorando ainda mais a situação. “Sei que só vou conseguir pagar tudo quando começar a trabalhar. Sou padeiro, confeiteiro e salgadeiro, e os bicos que faço têm nos ajudado”, pondera Monteiro, sentado na fila do Sistema Nacional de Emprego (Sine) à procura de um novo emprego.

Na busca por uma saída para a crise financeira momentânea, ele acabou não errando tanto ao buscar um empréstimo. Ao menos é o que dizem os especialistas. “A ideia do empréstimo para quitar débitos antigos é consolidar a dívida em uma só”, esclarece o especialista em finanças, Rafael Seabra. Ainda segundo ele, outra alternativa para quem não tem crédito na praça é buscar a ajuda dos setores responsáveis por superendividamento no Estado. “Normalmente o Procon ou Tribunal de Justiça auxiliam os endividados a negociarem seus débitos”, orienta.

Entretanto, apesar de apontar todas essas formas de lidar com o problema, para Seabra, nada é mais eficaz que a educação financeira. “Ainda quando empregado, é possível se precaver. A premissa básica é gastar menos do que se ganha”, enfatiza.

“O ideal é economizar para construir uma reserva de emergência que corresponda a três vezes mais que seus custos mensais.” O especialista e idealizador do blog queroficarrico.com dá um exemplo básico. “Se a família gasta R$ 2 mil por mês, ela precisa ter em sua reserva R$ 6 mil”, recomenda.

A economista Patrícia Godoy, da DSOP Educação Financeira, também reforça que o planejamento garante estabilidade financeira. Entretanto, para ela, buscar uma fonte de renda segura é a forma mais eficaz para se livrar das dívidas. “Não há como quitar os débitos sem um meio de ganho. Enquanto não houver essa renda, fica muito difícil negociar qualquer tipo de dívida”, lembra. Patrícia acrescenta ainda que é importante não desistir e mudar de comportamento em relação ao dinheiro.

Desemprego

De acordo com Patrícia, a expectativa para este fim de ano é que a taxa de desemprego diminua, embora as projeções não sejam tão positivas para o período. “As contratações temporárias costumam colaborar nesta época. Então, acredito que a situação pode melhorar”, avalia. A economista estima também que até julho de 2016 a oferta de empregos deve ser positiva. “Será um crescimento bem tímido, mas já dará um fôlego para quem precisa de emprego. Tudo depende muito da situação econômica e política do País.”

É o que espera o administrador Edinaldo Batista, de 42 anos. Desempregado e preocupado com os débitos que estão se acumulando, ele tem distribuído currículos em Palmas. Sem oportunidade no mercado de trabalho, ele precisou recorrer a empregos temporários. Batista está há uma semana trabalhando como lavador de carros. “Estou no lava a jato porque preciso diminuir minhas dívidas”, argumenta.

Mas e quando não há alternativas? O que fazer? Nesse caso, a jornalista Nayla Oliveira, de 24 anos, precisou voltar para a casa dos pais em Aparecida do Rio Negro, município localizado a cerca de 45 quilômetros de Palmas. Recém-formada, sem oportunidades na Capital, ela se viu obrigada a buscar ajuda. “Eles têm me ajudado nas contas, inclusive nas que ficaram para trás.”