Após perder vendas devido à queda das redes sociais nesta segunda-feira, 4, a artesã Bella Travassos se viu na necessidade de se precaver e migrar para mais plataformas e, assim, evitar ficar sem comunicação com seus clientes. A profissional, que produz peças em resinas, faz parte dos 72% dos pequenos negócios que vendem online no Brasil, conforme a 11ª pesquisa “O Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios”, divulgada em julho pelo Sebrae.Bella tem como fonte principal de venda e com clientes em Palmas, o Instagram - uma das redes que ficou cerca de 7 horas sem funcionar -. Muitas vendas começam na rede e migram para o Whatsapp, ferramenta que também pertence ao grupo do Facebook, que apresentou problemas nesta data. De uma média de seis a oito clientes diários pelas redes sociais, nesta segunda, com a perda de acesso, Bella conseguiu finalizar somente duas vendas. “Pensando nisso, em meio a dificuldade a gente tem que vê a oportunidade, vi que eu tinha a necessidade de me precaver para um próximo problema. Não posso ficar presa a apenas um canal de comunicação com meus clientes. Então, criei mais uma opção que foi pelo Telegram”, relatou a artesã. Esse plano B é uma das alternativas indicadas pelas entidades que atuam em defesa de micro e pequenos empresários, consultadas pela Agência Brasil. O apagão das redes sociais do Facebook frisou a necessidade de as empresas terem um plano B para evitar – ou, pelo menos, amenizar – transtornos com as vendas online. Transtornos esses vividos também por empresas maiores, como o caso de uma empresa que trabalha com venda delivery na Capital. Segundo a gerente de marketing do aplicativo de entregas, Juliana Saraiva, o sufoco só não foi maior porque a empresa não concentra todas as suas informações nessas três redes sociais e tem aplicativo próprio e outros canais, entretanto ainda teve consequências. “Muitos dos clientes entram em contato conosco para resolver um problema ou sugerir alguma coisa pelas redes sociais. Por isso temos alternativas e ainda trabalhamos com e-mails e outros apps para conseguirmos manter o contato com os clientes”, relatou e finalizou: “que essa situação fique de lição para todos diversificar ao máximo nossa comunicação”. Alternativas Sem ainda conseguir mensurar o quanto, em termos de prejuízos, o apagão do causou, tanto o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) como a Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais (Conampe) avaliaram à Agência Brasil que a falha foi bem prejudicial para empreendedores que dependem dessas redes para se comunicar.Segundo o presidente do Conampe, Ercilio Santinoni, “todos os pequenos negócios sofreram com o problema de apagão”, e que as micro e pequenas empresas “foram muito atingidas”, uma vez que, de forma geral, a imensa maioria utiliza o WhatsApp para comunicação e Facebook e Instagram para divulgar seus produtos e serviços. Diante da situação, a solução, ainda que paliativa, foi a de buscar outros canais para restabelecer a comunicação. O problema é que nem todos tinham um plano B” para essa situação.“Assim como a maioria dos usuários, a constatação da pane gerou perplexidade e, depois, a tentativa de minimizar os impactos, voltando ao SMS, tentando Telegram, fazendo ligações telefônicas, buscando vencer a barreira do silêncio e isolamento imposto pelo bug”, acrescentou o presidente. Uma das dicas sugeridas pela Conampe é que as empresas se organizarem e desenvolverem planejamento visando maior número de canais de comunicação e relacionamento com o cliente, de forma a evitar situações em que fiquem “reféns do trio Face-Insta-Zap”.Nesse sentido, a entidade apresenta um passo-a-passo visando à criação de um “plano de presença online”.“Tenha um site. Um site é algo seu, onde você tem total domínio. Se não tiver como investir em um, existem alternativas gratuitas que você pode colocar no ar você mesma, e depois investir em um mais profissional. Vale também blog e loja online”, sugere a entidade.Ainda entre as dicas da Conampe está a de as empresas se colocarem em outras redes sociais e no Google, em especial por meio da rede social de baixa manutenção Google Meu Negócio, que é gratuita. “Se você já explora o formato de Reels no Instagram, por exemplo, você pode aproveitar os mesmos vídeos para o Tik Tok, Kawaii e até Youtube, que agora tem um novo formato para vídeos curtos (YouTube Shorts)”, acrescenta.Além disso, o especialista em negócios digitais do Sebrae, Ivan Tonet, do Sebrae, lembra que “outras redes sociais acabam crescendo em momentos de instabilidade das concorrentes”. “Foi assim em situações passadas e deve ter sido assim também nesse momento. O importante é o empreendedor não ficar refém apenas de um canal de comunicação e, neste caso, até de um grupo empresarial”, disse.“Atuar em mais de uma rede social, bem como montar um cadastro de clientes com telefone e e-mail são alternativas que podem ajudar em um momento como este ou até mesmo [em casos] de sequestro da conta por algum hacker”, acrescenta.A exemplo da Conampe, o especialista do Sebrae sugere que os pequenos negócios avaliem a possibilidade da criação de um site institucional, loja virtual ou atuação em marketplaces e apps. “Essa diversificação de canais permite ampliar acesso ao público consumidor e ficar menos exposto ao risco da atuação concentrada em um canal de vendas”.