O que era para ser apenas uma disciplina optativa, promovida pelo curso de Administração, acabou por atingir diversos cursos de uma universidade particular de Palmas. Alunos visualizaram nas aulas de Empreendedorismo a oportunidade de ampliar seus conhecimentos para um futuro além das portas do ensino superior: o mundo dos negócios. De acordo com Sidney Soares, coordenador do curso de Administração do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra), a iniciativa de levar a disciplina voltada a esse tema para outras graduações da instituição começou há dois anos, a partir de uma matéria optativa. “Os alunos acabaram se interessando porque perceberam que na grade deles não tinha nenhuma disciplina que tratasse de gestão de negócios. Vimos que muitos acadêmicos de Odontologia e Medicina Veterinária têm o objetivo de abrir uma empresa”, comentou. O elevado nível de interesse dos alunos influenciou a universidade a institucionalizar a disciplina e inseri-la na grade de todos os cursos. Ao final da disciplina, os alunos apresentam painéis com ideias de negócios voltadas à sua área de atuação, que passam por avaliação de membros externos.Para o acadêmico de Direito Dhiogennes André Pereira Araújo, 22 anos, a escolha da matéria foi com a intenção de abrir um escritório de advocacia futuramente, porém, teve sua visão sobre o assunto ampliada. “Penso em empreender além do escritório, fora do ramo do Direito, porque a forma como o empreendedorismo foi abordado me levou a vê-lo não só como melhoria de vida para o empresário, mas para a sociedade de um modo geral”, afirmou.Araújo acredita que o empreendedorismo é indispensável para qualquer curso e inclusive que a matéria deveria ser do ensino médio, para que os jovens já pudessem entrar na faculdade com a visão de empreender. “Achei que seria uma matéria apenas com visões mais filosóficas e conceituais mas não, eles ensinam realmente na prática o que é empreender, como é entrar mercado e levar algo diferente até ele”, pontuou.A expectativa dos docentes, segundo Soares, é de que independente da profissão que os acadêmicos venham a exercer, possam se ver como agentes do seu próprio negócio, ideia principal da disciplina. “A matéria foca que o empreendedorismo é um comportamento acima de tudo. Independente de ter seu próprio negócio ou atuar na iniciativa pública ou privada como funcionário, o esperado é que as atitudes e comportamentos desses alunos sejam empreendedores, ou seja, de transformação”, finalizou.Educação empreendedoraA iniciativa de levar o empreendedorismo a outros cursos ocorreu com o apoio do Programa Educação Empreendedora, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Tocantins (Sebrae). A parceria entre o Sebrae e a instituição teve início a pouco mais de dois anos por meio de capacitação de professores com materiais que contém metodologias já formatadas de acordo com a entidade.Segundo Izana Assunção, coordenadora do Programa, os docentes atuam como multiplicadores de conhecimento no âmbito acadêmico. “Mesmo que a matéria não entre na grade curricular da universidade, porque sabemos do quanto essa inclusão é complexa, os conteúdos são trabalhados dentro das disciplinas, o que para nós já cumpre o objetivo do programa”, ressaltou.O principal objetivo do projeto, de acordo com Izana, é preparar os jovens para uma outra forma de subsistência, visto que a oferta de empregos está bem menor a cada dia que passa e que o chamado “lugar ao sol” no mercado de trabalho é para pessoas que têm esse diferencial enquanto profissionais.“Essa ideia de que o aluno vai sair da faculdade já com o emprego garantido por ter uma formação superior não é mais uma realidade, então a única oportunidade que temos de transformação de vida nesse contexto é o empreendedorismo. Precisamos de pessoas empreendedoras, que buscam soluções, fazem a diferença e transformam o mundo”, enfatizou.A coordenadora relatou que outras universidades já solicitaram o apoio do Sebrae para receber o repasse dos conhecimentos e começar a trabalhá-los em sala de aula e a perspectiva para o próximo ano é de que o Governo do Estado sinalize o interesse de levar as metodologias para dentro das escolas de ensino médio da rede estadual.O Educação Empreendedora alcançou cerca de 25 mil alunos em todo o Estado neste ano, com metodologias trabalhadas desde o ensino fundamental até o superior.-Imagem (1.1937637)-Imagem (1.1937634)