O preço do gás de cozinha, o GLP (gás liquefeito de petróleo), atingiu a maior média mensal real (descontada a inflação) do século 21. Os botijões de 13 kg estão sendo vendidos no Brasil a um valor médio de R$ 113,48, valor que representa 9,4% do salário mínimo. Essa é a proporção mais elevada desde março de 2007, quando o botijão custava R$ 33,06 e o salário mínimo era de R$ 350.Os dados são de levantamento do Observatório Social da Petrobras, organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e que monitora as políticas e ações da empresa. A pesquisa foi feita com base no preço médio mensal do GLP e na média de valores semanais para o mês de abril, divulgados na terça-feira, 26, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).No Tocantins, a pesquisa do Procon Tocantins encontrou o produto sendo vendido entre R$ 120,00 e R$ 135,00 em Palmas, uma diferença de R$ 15,00 e variação de 13%. A média fica em R$ 127,40, acima da nacional, que representa 10,5% da renda mensal do palmense, considerando o valor do salário mínimo de 2022, que é R$ 1.212,00.Nas últimas duas semanas o Procon também pesquisou o valor do GLP em sete cidades tocantinense. Em Araguaína, Araguatins, Guaraí, Gurupi e Porto Nacional, o maior valor encontrado foi de R$ 130,00. Já em Colinas o maior preço praticado nos estabelecimentos ficou em R$ 125,00. Dianópolis tem o mesmo valor que a Capital, chegando a ter comércios que vendem o produto a R$ 135,00. E Tocantinópolis que tem o maior valor entre os preços mais altos encontrados nos locais pesquisados, sendo R$ 140,00.Maior preço médio nacionalEm março, o gás alcançou o maior preço médio real da série histórica, que tem início em julho de 2001, quando o órgão regulador federal começa a divulgar os valores do gás de cozinha, vendido a R$ 109,31. Antes disso, o recorde tinha sido registrado em novembro de 2021, com o preço médio de R$ 106,50.Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), a elevação do preço do gás e de sua participação no orçamento das famílias impulsionou o crescimento do uso de lenha no Brasil."Entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do país. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP", afirma.Os sucessivos reajustes no gás de cozinha e na gasolina fazem parte das principais preocupações de Jair Bolsonaro (PL) em seu projeto de reeleição para a Presidência da República.No final de março, ele demitiu o então presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, em meio ao desgaste gerado por mega-aumento dos preços nos combustíveis promovido pela empresa. José Mauro Coelho foi nomeado para o seu lugar.