O tempo em que a população passa sem energia não reduziu e até aumentou em algumas regiões goianas no ano passado. O décimo relatório sobre o plano emergencial, que foi assinado pela Enel Distribuição Goiás em fevereiro de 2019, mostra que 41% dos conjuntos elétricos ficaram fora da meta estipulada no documento firmado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Porém, a distribuidora afirma que há trajetória de melhoria e cumprirá limites em agosto. Conforme a coluna Giro de sábado (08) mostrou, a empresa enviou o relatório para o Ministério Público Federal de Goiás e nele a distribuidora informa que cumpriu cinco das nove metas acordadas. Em dez meses, de fevereiro a dezembro do ano passado, ela não conseguiu melhorar o desempenho na duração das quedas de energia global (DEC) – 6% acima do projetado – e por conjunto elétrico; possui número elevado de reclamações comerciais e indicadores de serviços abaixo do esperado.Nesta segunda-feira (10), haverá reunião em Brasília com Aneel, Ministério de Minas e Energia (MME), secretário de Desenvolvimento do Estado e diretores da empresa, porque a Enel vai apresentar esse mesmo relatório de desempenho para a agência reguladora. Completará um ano esta semana que a Aneel determinou a realização do plano emergencial para resgate da qualidade do serviço prestado em Goiás após pressão feita pelo governador Ronaldo Caiado (DEM).Nos pontos em que a distribuidora conseguiu melhorar, estão frequência de queda global (FEC) – 1,5 vezes abaixo do limite para até dezembro de 2019 – e a melhoria desse mesmo indicador por conjuntos elétricos. Segundo o presidente da Enel Goiás, José Luis Salas, o resultado ocorreu pelos investimentos realizados. “Conseguimos superar a meta do número médio de interrupções no fornecimento de energia. Os indicadores de DEC e FEC são os melhores da história da companhia”, diz.O ressarcimento de clientes que realizam investimento ou tem algum prejuízo é item contemplado na parte das melhorias exigidas no plano. Ao todo, 2.748 pessoas foram reembolsadas. O que somou R$ 47,29 milhões no ano passado. As conexões rurais e urbanas também avançaram, com 709 no campo e 1.186 nas cidades. Além desses quesitos, o teleatendimento é outro tópico com meta cumprida.Sem energiaQuanto ao tempo em que os goianos ficam no escuro, o presidente da Enel afirma que a meta será atendida em agosto, que é o prazo firmado no documento. Dos 156 conjuntos, Salas explica que houve melhoria em 92, nove ficaram estáveis e 55 não melhoraram – desses, 31 possuem tendência de melhora. “Há melhoria contínua e quando se compara com DEC anterior a 2015 falamos de melhora de mais de 40%.” A pior situação, até novembro, era no interior, especialmente no Sul e Sudoeste.O presidente da Enel Goiás defende que a duração das interrupções médias está melhor do que a meta do contrato de concessão, apesar de não terem alcançado o esperado em dezembro. “Estamos menos de uma hora acima do que propusemos no plano com Aneel.” Ele justifica que houve uma antecipação dos limites. O que estava previsto para 2020 passou para 2019, por isso teria ficado mais difícil chegar ao planejado. Uma das dificuldades em reduzir o tempo em que o consumidor fica sem energia se refere à manutenção. Com o período chuvoso, o fim do ano passado foi marcado pelo aumento no número de ocorrências com longa espera dos clientes. O que para especialistas reflete falta de preparo para lidar com imprevistos característicos dessa época. A poda de árvore, por exemplo, chegou a 94% da meta. “O plano de manutenção que tínhamos este ano está sendo ampliado com poda, limpeza de faixa”, cita José Luis Salas sobre o que deve ajudar a alcançar os indicadores exigidos mesmo em localidades do Estado de mais difícil acesso. Inspeções por drones, instalação de equipamentos telecontrolados fazem parte das tecnologias adotadas. Junto a isso, a empresa também reforça o número de equipes em campo. ReclamaçõesA quantidade de reclamações que a Enel Goiás recebe, e que inclusive rendeu multa de R$ 9,176 milhões do Procon Goiás, teve melhora de 44% quando comparado fevereiro de 2019 com dezembro. Passou de 572 por mês para 316. Para aquelas relacionadas a faturamento, o resultado foi ainda melhor, 48%. Mas há outros itens reclamados abaixo das metas. “Vamos alcançar os objetivos estabelecidos no plano, porque o passivo acumulado de solicitações de ligação nova, por exemplo, já foi cumprido em janeiro. Passamos a atender dentro do prazo as solicitações de novas conexões, o que vai contribuir bastante com a meta até agosto”, garante ao reforçar que o grupo “continua acreditando no Estado e em seu desenvolvimento”. Para os próximos três anos, a Enel prevê investir R$ 3,3 bilhões, R$ 1,1 bilhão por ano. “Aumentamos o investimento e temos certeza de que a empresa conseguirá atingir as metas e no curto prazo vamos olhar e ver que a empresa não se parece com a outra (Celg)”, conclui ao se referir à situação encontrada quando assumiram a antiga Celg Distribuição em 2017. Na segunda-feira, com a apresentação dos resultados, o secretário de Desenvolvimento e Inovação do Estado, Adriano da Rocha Lima, explica que a Aneel fará seu próprio relatório ao analisar o que foi apresentado pela Enel. A partir dessas análises, como o plano emergencial passou a ser vinculado ao contrato de concessão, a União poderá determinar punições e até abrir processo de caducidade.