A balança comercial brasileira fechou outubro com um déficit de US$ 1,17 bilhão, o pior resultado para o mês dos últimos 16 anos. Apesar do ritmo fraco da economia, que reduz as importações, o desempenho reflete uma queda ainda mais forte nas exportações. O resultado de outubro elevou o déficit comercial no ano para US$ 1,87 bilhão.O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) espera fechar 2014 com um saldo comercial positivo, mas o secretário de comércio exterior, Daniel Godinho, disse que o resultado de novembro será decisivo. Essa é a primeira vez que o ministério admite a possibilidade de um déficit comercial em 2014. Os analistas de mercado também projetam um superávit pequeno para este ano, em torno de US$ 2 bilhões, conforme o boletim Focus do Banco Central.A avaliação do economista Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados, é que o resultado de outubro revela uma perda bastante significativa do ritmo comercial, que vem se acentuando mês a mês, tanto do lado das exportações quanto das importações. “Esse resultado está muito abaixo da sazonalidade histórica para o mês, que é de superávit de US$ 1,1 bilhão”, comentou.As exportações somaram US$ 18,33 bilhões no mês passado, com queda de 19,7% pela média diária. As importações totalizaram US$ 19,50 bilhões, uma retração de 15,4% em relação a outubro de 2013. No ano, no entanto, tanto vendas externas quanto importações apresentam recuo de 3,7%.O desempenho negativo de outubro foi puxado pela queda de 40% nos preços do minério de ferro e de 52% nas vendas de automóveis de passageiros, como reflexo da crise na Argentina. A base de comparação com outubro do ano passado também é forte porque, em 2013, houve a exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,9 bilhão, o que não se repetiu no mês passado. Em 2013, a venda de sete plataformas salvaram a balança comercial de fechar o ano com saldo negativo. Este ano, foram exportadas apenas duas unidades e não há expectativa no governo de uma nova para este ano.Para Godinho, alguns fatores devem contribuir para que a balança saia do vermelho até o final do ano. Entre eles, é esperado um aumento da produção e das exportações de petróleo nos últimos dois meses de 2014. A expectativa do governo é que a chamada conta-petróleo feche o ano com um déficit em torno de US$ 15 bilhões, US$ 5 bilhões a menos que em 2013.