-Imagem (1.934561)Um grupo de dez amigos, entre eles os técnicos em engenharia civil Weslany Rodrigues e Cleiton Turibio, vem fazendo o que a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac) chama de a “arte de poupar em grupo”. Weslany entrou no grupo de consórcio em julho deste ano. “Fiz porque preciso de dinheiro para o fim do ano e não sou muito boa em economizar por conta própria”, confessa.Nos consórcios, a cada mês um componente é o sorteado para receber o acumulado, assim, Weslany só vai receber o consórcio em dezembro deste ano. “Do jeito que eu queria”, comemora, apesar de dizer que não vai sair lucrando. “Pelo contrário vou pagar um pouco a mais do que receber”, calcula.Isso por que, a dinâmica do consórcio que ela participa é a seguinte: no primeiro mês todos pagam R$ 200,00, e a cada mês a parcela aumenta R$ 5,00. Weslany, ao todo, vai pagar R$ 2.005,00, mas receberá apenas R$ 1.980,00. “Quem pode esperar e receber por último, tem lucro e recebe um pouco a mais”, avalia a engenheira. “A vantagem é ter o dinheiro logo, mas é um valor menor do que o último a receber.”Apesar disso, ela pensa em repetir. “Achei muito bom, pretendo fazer mais. É para quem precisa de dinheiro imediatamente e não quer um empréstimo.” Segundo ela, por causa dos juros, o valor final fica maior que o montante do empréstimo.Turibio, outro integrante deste grupo - o organizador do consórcio - concorda que a vantagem é a possibilidade de poupar. “É muito difícil você guardar dinheiro no banco, por exemplo, porque qualquer aperto você vai lá e retira. E com o consórcio não, você tem uma dívida que tem que pagar, e não gasta com outras coisas”, afirma.Segundo o economista Lázaro Gomes, esse é um pensamento comum. “As pessoas usam como se fosse uma poupança forçada, porque se você faz o consórcio vai ter de pagar, mas isso não é aconselhável”, afirma. Para Gomes, muitos consórcios não são rentáveis.Já a gerente de negócios de pessoa física da unidade de Palmas do Sistema de Cooperativas de Crédito (Sicredi), Karla Alves, diz que o consórcio é uma boa opção para quem tem dificuldade de guardar dinheiro. No entanto, ela reforça que o investimento precisa ter uma finalidade, que não seja somente juntar dinheiro. “Consórcio é destinado a um propósito. É uma forma de investimento. Ele é uma ferramenta que obriga a pessoa a poupar”, declara.ConfiançaTanto a Abac quanto o economista Gomes afirmam que a melhor alternativa é fazer consórcios em bancos ou empresas com credibilidade. “A probabilidade de você levar um calote é quase inexistente”, comenta o economista. Entretanto, para quem opta por fazer o consórcio entre amigos a palavra é “confiança”. “Consórcio entre amigos é complexo. É preciso trabalhar com a maior segurança possível”, alerta Gomes.O próprio economista já organizou um consórcio entre amigos, e dá uma dica: é importante calcular, entre 7% a 8% de juros, por causa da inflação. “A gente fazia um cálculo e quem recebesse no primeiro mês era aquele valor, quem recebia no segundo era o valor mais a porcentagem, e assim sucessivamente. Para que aquele que receber daqui a doze meses não fique no prejuízo”, comenta.-Imagem (1.934428)