O pânico de uma recessão global fez com que as bolsas derretessem em todo o mundo. A bolsas Nasdaq e NYSE caíram mais de 3%, enquanto na Frankfurt perdeu 2,19%, a de Paris 2,08% e Londres, 1,42%. A trégua no mercado de câmbio no Brasil durou pouco. Após cair a R$ 3,94 na mínima da terça-feira, o dólar subiu 1,79% nesta quarta-feira, 14, e fechou em R$ 4,0388 - maior valor desde 23 de maio. Indicadores fracos da atividade econômica na China e na Alemanha renovaram preocupações com a perda de fôlego da economia mundial e provocaram forte fuga de ativos de risco no mercado financeiro mundial.Nos Estados Unidos, a inversão da curva dos rendimentos do títulos de 2 e 10 anos do Tesouro, mecanismo que historicamente não costuma falhar em prever recessões na maior economia do mundo, adicionou ainda mais preocupação nas mesas de operação em Wall Street. No mês, o dólar já acumula alta de 5,7%.No mercado local, as mesas de câmbio monitoraram ainda a situação Argentina, que teve novo dia de intervenções do Banco Central no câmbio, que não evitaram nova disparada de 8% da moeda americana no país vizinho. Os estrategistas do banco dinamarquês Danske Bank Jakob Ekholdt Christensen e Vladimir Miklashevsky avaliam que a Argentina pode seguir tendo algum contágio no Brasil, pela proximidade, mas o que vai pesar mesmo no apetite ao risco dos investidores e nos mercados de moedas emergentes, incluindo o real, é o desenrolar da relação comercial China/Estados Unidos, a situação da economia mundial e os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).Com o "tsunami de números negativos" vindos do exterior, o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, observa que o noticiário local positivo, como a aprovação da MP Liberdade Econômica, não conseguiu reverter o movimento de compra de dólares. O Ibovespa caiu quase 3%, com as vendas de ações por investidores estrangeiros pressionando ainda mais o câmbio.O mercado de câmbio teve outro dia de forte volume de negócios, com giro de US$ 25 bilhões no mercado futuro até às 17h20. No mesmo horário, o dólar futuro para setembro subia 2%, a R$ 4,0475. No mercado à vista, o volume foi de US$ 965 milhões. BolsaO Índice Bovespa foi fortemente contaminado pela aversão ao risco no mercado internacional e fechou em queda de 2,94% nesta quarta-feira, aos 100.258,01 pontos, depois de ter registrado mínima em 99.954,75 (-3,24%), na última hora de negociação. Com a queda de hoje, o Ibovespa zerou os ganhos que acumulava em agosto, passando a registrar perda de 1,52% no período. Operadores ouvidos pelo Estadão/Broadcastafirmaram que provavelmente o Ibovespa só não fechou abaixo dos 100 mil pontos porque houve ação de investidores em defesa da marca psicológica, em dia de vencimento de opções sobre o índice e também do Ibovespa futuro. Das 66 ações que compõem a carteira teórica do índice, nenhuma fechou em alta, nem mesmo as exportadoras, que em tese são beneficiadas pela alta do dólar.As bolsas de Nova York tiveram perdas da ordem de 3% e foram importante referência para os negócios no Brasil, assim como os preços do petróleo, que chegaram a registrar queda de até 5%. Nesse ambiente de temor de desaceleração global, as ações da Petrobras, Vale e siderúrgicas registraram as maiores baixas entre as blue chips. Petrobrás ON e PN perderam 3,08% e 3,37%, enquanto Vale ON caiu 3,48%.