Guilherme Martins tem dez anos de idade e desde os três já contribui com a previdência privada. Além disso, o menino tem uma mesada mensal de R$ 70,00, montante que ele gasta com lanches e passeios, mas guarda parte do dinheiro para um plano maior. “Quero comprar um vídeo game no final do ano”, planeja. Para quem duvida que ele vai mesmo conseguir poupar para o brinquedo, é importante contar que no ano passado, a poupança garantiu uma viagem ao Rio de Janeiro.Tanta organização financeira não é à toa, vem de berço. O pai, Fábio Martins, é especialista em educação financeira e faz questão de passar o máximo de conhecimento possível para as crianças. O filho mais novo, Felipe, 4 anos, ainda não recebe mesada, mas já brinca com o pai de jogos educativos que têm como tema a vida financeira.Sobre o pagamento mensal, Martins afirma que a mesada “não é premiação, é educação financeira”. Ele garante um bônus a Guilherme toda vez que sobra dinheiro da mesada no final do mês. Para Martins, ensinar a gastar bem o dinheiro é uma forma de demonstrar amor e cuidado com as crianças.O pai explica que pretende criar os filhos de modo que eles saibam lidar com as finanças ao longo da vida. “Eu mesmo era muito desorganizado com o meu dinheiro”, admite. Depois de mudar a própria relação com os rendimentos mensais, Martins deu um livro de educação financeira infantil para os filhos e passou a falar mais com as crianças sobre o assunto. “Eu ajudo a implantar essa disciplina na grade curricular das escolas e quis trazer isso para dentro de casa”, conclui.De acordo com o economista Alivínio Almeida, a orientação para a educação financeira é fundamental para o desenvolvimento da criança. “É importante que os filhos cresçam em um ambiente de responsabilidade fiscal.” Ele acredita que é saudável pagar mesada estimulando a criança a poupar. “Temos que ensinar a gastar com bens duráveis e não apenas a investir em coisas voláteis”, pontua.Na avaliação do economista, ensinar a poupar é um ato que precisa ser praticado todos os dias pelos pais, ao lado dos filhos. Almeida acredita que a educação financeira deve continuar na sala de aula. “O problema é que, no Brasil, esse tipo de aprendizado nem começa em casa e nem termina na escola”, lamenta.