Atualizada às 11:57

A Polícia Civil prendeu nesta sexta, 22, em Augustinópolis, extremo norte do Tocantins, o fazendeiro Armando Cayres, irmão do deputado estadual Amélio Cayres (SD). Ele é um dos alvos principais da Operação Isis que apura a existência de uma associação criminosa no Naturatins para a prática de crimes contra a administração pública por meio de corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. 

Ao todo policiais cumprem 12 mandados de busca e apreensão, 4 conduções coercitivas e 8 prisões temporárias  em Araguatins, Augustinópolis, Axixá, Buriti e Palmas. Outro irmão do deputado, Alvymar Cayres Almeida, é alvo de condução coercitiva na operação que faz buscas na sede do Naturatins, em Palmas, e na empresa Souza Gestão Empresarial e Agronegócios de Araguatins. Esse outro irmão e o deputado não estão entre os investigados na operação.

A decisão judicial que autorizou a operação é do juiz José Carlos Tajra Reis Júnior, titular da Vara Cível da Comarca de Araguatins, de 20 de março. Os presos estão recolhidos na Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de Araguatins (TO). Antes da operação ir às ruas a investigação colheu o depoimento de pelo menos 9 pessoas e realizou interceptações telefônicas dos alvos, com autorização judicial.

Entre os investigados estão os servidores do órgão ambiental Luciana Geremias de Souza, inspetora de recursos naturais e chefe da unidade local, Orleans Silva Oliveira e Nadson Nammir Borges de Oliveira. Segundo a investigação, Luciana, após fazendas serem multadas na região, entra em contato com os fazendeiros multados e oferece anulação ou redução da penalidade e liberação de propriedades embargadas. Essa atuação, conforme a investigação, ocorre por meio da empresa Sousa Gestão Empresarial e Agronegócios, e com o uso "de informações privilegiadas" inerentes às funções da chefia da unidade. Para os investigadores, Luciana ostenta ostenta padrão e patrimônio incompatível com os ganhos. Um dos imóveis está avaliado em R$ 1.8 milhão.

Orleans Silva Oliveira, servidor do Naturatins, é apontado como sócio oculto da empresa de consultoria e tem a função de receber o dinheiro pelas práticas e fornecer documentos públicos ideologicamente falsos como licenças, alvarás e autorizações sem exigir os documentos necessários para a expedição dos documentos. Nessa tarefa é auxiliado por outro servidor do órgão Nadson Nammir Borges de Oliveira.

Também estão listados para a prisão temporária de cinco dias Elizângela Pereira de Souza apontada como sócia principal da empresa Souza Gestão Empresarial e Agronegócios, de Araguatins, usada para executar os crimes, segundo a Polícia Civil. Já Euerçu Gonçalves da Silva, companheiro de Luciana, é funcionário do Banco do Brasil e ex-sócio da Souza Gestão Empresarial e Agronegócios, antes de ser transferida para Elizângela. Segundo a investigação, por ser servidor do banco tem a função de acompanhar pagamentos e transferências feitas às contas correntes usadas no esquema.

Gustavo Ferreira de Sousa e Edyvaldo Fernando dos Santos Lima, funcionários da consultora, atuam  na cooptação de “clientes” que precisam de documentos públicos fornecidos pelo órgão, agindo como “ponte” para Orleans e os demais nome do escritório facilitarem a emissão de documentos fraudulentos. 

Três fazendeiros alvos na operação desta sexta são Werleandro França Almeida, Sebastião Afonso Leite de Sousa e Armando Cayres Almeida. Os três já recorreram a serviços do suposto esquema dos servidores investigados para obter licenciamentos e documentos públicos fraudulentos, segundo a Polícia Civil. 

Na decisão que autorizou a operação, a justiça suspendeu por 180 dias as funções públicas de Luciana, Orleans e Nadson, com direito ao salário, e também as atividades de natureza econômica deles por meio da empresa Souza Gestão Empresarial e Agronegócio, de toda atividade envolvendo o Naturatins. A medida alcança também Gustavo Ferreira e Elizângela Pereira.

Em nota, o Governo do Tocantins disse que “não admite condutas incompatíveis com o exercício de cargo público”, diz. A nota ainda afirma que ao Ao tomar conhecimento das denúncias, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) já realizou os trâmites “para instauração dos procedimentos legais cabíveis, visando apurar as responsabilidades, podendo, em caso de comprovação de atos irregulares, os autores sofrerem as sanções previstas em Lei”, diz.

Alvos

Prisão temporária (cinco dias)
Luciana Geremias de Souza 
Euerçu Gonçalves da Silva (Araguatins)
Orleans Silva Oliveira (Araguatins)
Nadson Nammir Borges de Oliveira (Araguatins)
Gustavo Ferreira de Sousa (Araguatins)
Elizângela Pereira de Souza (Axixá/TO)
Edyvaldo Fernando dos Santos Lima (Araguatins)
Armando Cayres de Almeida (Augustinópolis)

Buscas e apreensão
Luciana Geremias de Souza 
Euerçu Gonçalves da Silva (Araguatins)
Orleans Silva Oliveira (Araguatins)
Nadson Nammir Borges de Oliveira (Araguatins)
Gustavo Ferreira de Sousa (Araguatins)
Elizângela Pereira de Souza (Axixá/TO)
Edyvaldo Fernando dos Santos Lima (Araguatins)
Werleandro França Almeida (Buriti)
Sebastião Afonso Leite de Sousa (Araguatins)
Armando Cayres de Almeida (Augustinópolis)
Sede do Naturatins (Palmas)
Sede da empresa Souza Gestão Empresarial e Agronegócios (Araguatins).

Condução Coercitiva
Alvimar Cayres Almeida
Natanael Galvão Luz
José Osvaldo dos Santos