Situada em um bairro considerado de classe média à baixa da Capital, na Quadra 405 Norte, e rodeada de problemas sociais como a violência e pobreza, a Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva é um exemplo de que o ensino público pode ser oferecido com qualidade. Às vésperas da divulgação das notas do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), previstas para setembro, a expectativa da comunidade escolar é que o bom desempenho se mantenha.

No ano de 2013 a escola obteve 7,2 nos anos iniciais e 6,4 nos anos finais, sendo considerada a melhor escola da rede pública de Palmas. O Ideb é calculado, a cada dois anos, com base no aprendizado dos alunos em português e matemática, averiguado através da Prova Brasil, e no fluxo escolar com a taxa de aprovação, nos anos iniciais e finais. E o título de melhor escola também se repetiu nos anos de 2011 e 2009.

E os alunos reconhecem as qualidades da escola, se dedicando aos estudos e mantendo uma relação de amizade com os professores. E é com alegria e brilho nos olhos que Ana Cristina Costa Santos, de 14 anos, e estudante do 9° ano, fala da escola e dos mestres. “Estou aqui desde os 8 anos e sou acostumada com todos os professores, servidores e alunos. O que mais gosto na escola é o ensino, os professores são ótimos, explicam bem e nas provas nós damos o melhor. Amo estudar aqui!”, disse a aluna, que está se dedicando para conseguir uma vaga no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) e, juntamente com outros colegas da turma, estava fazendo atividades de matemática durante a entrevista.

A dedicação dos professores e o trabalho multidisciplinar fazem a diferença na hora do aprendizado. Para a professora de matemática dos anos iniciais, Geruza Valéria da Costa Araújo, a preparação dos alunos é desde quando entra na escola. É acompanhado o desenvolvimento do aluno e, se ele não adquiriu determinado conteúdo, é feita uma avaliação paralela. “Se ele não foi bem naquele conteúdo, nós retornamos, explicamos novamente e fazemos esse acompanhamento paralelo observando os resultados, e isso é fundamental”, explicou Geruza, falando sobre o engajamento dos docentes.

Sobre o ensino, o também professor de matemática, mas dos anos finais, Jairo Rodrigues Barros, explica que o trabalho é voltado para as avaliações. “A escola visa isso, então temos suporte pedagógico, trazemos conhecimento, selecionamos provas, fazemos grupos de estudo e em redes sociais, damos apostilas e em sala de aula complementamos. Trocamos experiências”, contou Barros, enfatizando também que os alunos possuem disciplina e compromisso com os estudos, o que auxilia o trabalho do professor em sala de aula e facilita o desenvolvimento deles.

Além de toda a dedicação por parte de professores e alunos, a escola também foi beneficiada no ano passado com o programa “Mais Educação”, onde alunos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) faziam monitoramento para os alunos. “Eles recebiam uma bolsa e o que os professores davam em sala de aula, eles davam um apoio diferenciado, em sala de aula ou fora do horário, para tirar dúvidas”, relembrou Barros, explicando que esse trabalho irá refletir no resultado do Ideb de 2015.

 

3 perguntas para Alice Furukawa
diretora da Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva desde fevereiro deste ano

1- Por que a escola é diferente?
Eu também tinha essa curiosidade antes de vir para cá. Nas outras escolas que trabalhei a meta era alcançar a Beatriz Rodrigues. Agora estou vendo com meus próprios olhos o que é feito em prol desse resultado. Vejo que o pedagógico nesta escola é muito forte, acima de todas as outras modalidades agregadas ao currículo, que são outras atividades. Tudo que se pensa é em função do pedagógico, do aluno. E o empenho dos professores também porque é muito forte aqui na escola o ‘querer ser o melhor’.

2- Como foi assumir a melhor escola da Capital?
Cheguei aqui e o pessoal se perguntou se iria manter o nível, ou se iria cair, teve uma preocupação por parte dos professores pela mudança na direção. Mas acredito que não houve a queda e se manteve o mesmo ritmo. Lógico que teve um período de adaptação para que as pessoas vissem que teríamos a mesma linha de trabalho.

3 - Existe uma lista de espera por causa da boa fama da escola?
Temos uma lista de espera sim e temos um controle. À medida que vai surgindo a vaga avisamos, porque o pai sabe que o nome do filho está na lista e a posição, e cobram. Só chamamos se tiver alguma desistência porque não colocamos mais de 40 alunos por sala, que é a capacidade. Mas em outros casos, se a criança tiver em situação de vulnerabilidade, conversamos com a equipe e, em consenso, matriculamos.