Conseguir uma moradia digna ainda é um sonho distante para muitas famílias que vivem em situação de miséria na Capital. E o drama se repete também em todo o Estado. Segundo dados do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), cerca de cinco mil famílias não possuem um lar em Palmas. Desse número, cerca de três mil ficam na zona urbana e o restante na zona rural de Palmas.

“A família constrói um barraco em áreas que não têm estrutura nenhuma, abrem uma fossa improvisada sem nenhum tipo de assistência técnica e abrem também um poço do lado”, afirmou Bismarque Miranda, coordenador estadual do movimento.

Ainda de acordo com Miranda, o déficit habitacional de Palmas é de aproximadamente 20 mil famílias. “Se o poder público não garante o direito à moradia, as pessoas acabam ocupando áreas”, disse. E foi o que aconteceu recentemente na Quadra T-23 no Jardim Taquari, região Sul, onde 400 famílias ocuparam 407 unidades habitacionais do Programa Pró-Moradia, que seria construído pelo Ministério das Cidades, Governo do Estado e Caixa Econômica Federal. As obras desse conjunto se iniciaram em setembro de 2014 e deveriam ficar prontas em setembro de 2015, mas foram paralisadas antes da conclusão.

A desempregada Ana Lucia da Silva Macedo, de 35 anos, preferiu entrar em uma das 407 casas, a continuar morando no barraco construído em uma área verde na região Sul da Capital.

No momento da entrevista, Ana Lucia estava vigiando sua casa e de outra vizinha, para garantir o local. “Morávamos em um barraco e desde o último dia 14 viemos porque lá era ruim, quando chove molha tudo e tem insegurança. Aqui tem só as paredes, mas está mil vezes melhor”, contou a mulher, que ressaltou não ter escolhido uma casa com telhado por todas já estarem ocupadas.

Quando chove, a família vai para a casa de algum vizinho que possui telhado. “Faz 8 anos que tenho cadastro para conseguir uma casa e nunca deu. Estamos esperando uma ajuda do governo, que nunca vem. Estamos desempregados e só recebemos ajuda do povo. Está difícil”, lamentou.

Na mesma situação está Andriely de Jesus Pinto, de 24 anos, que mora com o esposo e o filho de três anos. O casal, que está desempregado, veio de Tucuruí (PA) há um ano em busca de uma vida melhor. “Chegamos aqui e vimos que a dificuldade está pior. Estávamos pagando aluguel, mas no final do mês passado ficamos sabendo da ocupação e achamos que seria uma oportunidade de ter uma casa”, disse.

A desempregada afirmou que ainda não conseguiu fazer nenhum cadastro para conseguir uma casa e também não conseguiu vaga em creche para o filho.

Ao lado da saúde, alimentação e educação, a moradia digna

é um direito

humano universal, garantido em lei