O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quarta-feira que ficou "profundamente abalado" com as imagens divulgadas ontem da morte de um jovem negro em Chicago, que foi atingido por 16 disparos de um veterano policial branco em um incidente ocorrido há um ano.

"Assim como muitos americanos, estou profundamente abalado com as imagens da morte a tiros de Laquan McDonald, de 17 anos", escreveu Obama em seu perfil oficial no Facebook.

"Neste Dia de Ação de Graças - feriado que é comemorado amanhã nos EUA - peço a todos que tenhamos em nossos pensamentos e orações àqueles que sofreram perdas trágicas, e que estejamos agradecidos pela maioria de homens e mulheres de uniforme que protegem nossas comunidades com honra", escreveu o presidente.

Além disso, Obama agradeceu à população de Chicago, local que considera como sua "cidade natal" apesar de ter nascido no Havaí, por ter conseguido fazer com que os protestos que se produziram após a divulgação do vídeo da morte de McDonald fossem "pacíficos".

Centenas de pessoas protestaram ontem pelas ruas de Chicago e hoje o estão fazendo de novo, com manifestações e concentrações que, por enquanto, são pacíficas e estão sendo marcadas pelo grito "16 shots" (16 tiros), em referência aos disparos recebidos por McDonald.

As autoridades judiciais de Chicago anunciaram ontem o indiciamento por assassinato do veterano policial branco Jason Van Dyke, suposto autor dos disparos contra o jovem.

McDonald morreu em 20 de outubro de 2014 após um entrevero com o agente Van Dyke, da polícia de Chicago e que afirmou que, no momento do incidente, o jovem estava armado com uma faca.

A promotora do condado de Cook, Anita Álvarez, afirmou ontem em entrevista coletiva que as acusações apresentadas contra o policial se baseiam nos disparos que ele supostamente fez contra McDonald quando a vítima já não representava uma ameaça e estava estendida no chão.

No vídeo, que foi apresentado ontem, McDonald é visto correndo, aparentemente se afastando de um grupo de agentes, quando é alvejado pela primeira vez.
Depois, o jovem é visto estendido no chão, onde aparentemente recebe vários outros disparos, enquanto um oficial não identificado se aproxima e pisa em uma pequena faca que McDonald tinha nas mãos.

A polícia argumenta que Van Dyke disparou ao temer por sua vida e acrescentou que McDonald se comportava de maneira errática e não atendeu às ordens dos agentes para que soltasse a faca. Além disso, a autópsia realizada no jovem negro revelou indícios de consumo de drogas.

Antes da divulgação do vídeo e antecipando possíveis protestos, o prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, e o superintendente da polícia local, Garry McCarthy, pediram calma aos cidadãos durante uma entrevista coletiva.

Este é o primeiro caso em 35 anos na cidade de Chicago em que um policial é acusado de assassinato devido a um incidente ocorrido quando estava de serviço.

No ano passado, também nos dias anteriores ao feriado de Ação de Graças, aconteceram protestos e violentos distúrbios na cidade de Ferguson, no estado do Missouri, depois que um grande júri absolveu o policial branco que matou a tiros o jovem negro Michael Brown em agosto de 2014.

Por causa do caso de Brown e de outras mortes similares de homens negros desarmados por agentes das forças da ordem, surgiu o movimento "Black Lives Matter" (As vidas negras importam), que Obama defendeu como necessário para expor um problema "real" que os Estados Unidos devem "levar a sério".