Procuradores da Operação Lava Jato anunciaram nesta quarta-feira (30) que podem renunciar coletivamente caso a proposta de abuso de autoridade entre em vigor. A medida foi inserida no texto das dez medidas contra a corrupção pela Câmara nesta madrugada.

"Vamos renunciar coletivamente à Lava Jato caso essa proposta seja sancionada pelo presidente", afirmou Carlos Fernando Lima, procurador da República, que chamou a medida como "golpe mais forte" já sofrido pela operação. 

Após aprovar por quase unanimidade o texto-base do pacote de dez medidas anticorrupção do Ministério Público, o plenário da Câmara dos Deputados passou a madrugada desta quarta-feira (30) em votação de emendas e derrubou vários pontos importantes da proposta.

A primeira atitude dos deputados na madrugada foi incluir emenda com a possibilidade de punição de magistrados e integrantes do Ministério Público por crime de abuso de autoridade, o que para os procuradores foi a sinalização do "início do fim" das investigações. "A Câmara sinalizou o começou do fim da Lava Jato. A sociedade brasileira não pode mais considerar normal o que é anormal", argumentou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa.

Os promotores acusaram ainda os deputados de usarem o acidente aéreo na Colômbia, com o Chapecoense, para "subverter" o projeto criado por iniciativa popular, com mais de duas milhões de assinaturas. 

"As medidas contra a corrupção, endossadas por mais de 2 milhões de cidadãos, foram pervertidas para contrariar o desejo da iniciativa popular e favorecer a corrupção por meio de intimidação do Ministério Público e do Judiciário", alegou Lima.

Para os procuradores, a mensagem da Câmara é de "soltam os colarinhos brancos", uma vez que "manteve-se a impunidade dos corruptos e poderosos".