O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) eximiu a presidente Dilma Rousseff de responsabilidade direta nos escândalos de corrupção que levaram o governo à mais grave crise já enfrentara pelo PT desde sua chegada ao Planalto, em 2003. Em entrevista à revista alemã “Capital”, o tucano diz que a petista é “honrada” e que a responsabilidade “política” pela situação atual é do antecessor dela, Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado se via envolvimento de Dilma no escândalo da Petrobras, FHC disse que não. “Não diretamente”. “O partido dela sim, naturalmente. O tesoureiro (João Vaccari Neto) está na cadeia”, disse. “Eu a considero uma pessoa honrada”, disse FHC. “Não tenho nenhum ódio na política”, concluiu. Já sobre o envolvimento do ex-presidente Lula, o tucano disse não saber “em que medida” se poderia atribuir algo a ele, mas que “politicamente é responsável”. “O escândalo começou no governo dele”, diz FHC, que lembra durante a entrevista o esquema do mensalão, descoberto em 2005, ainda no primeiro mandato de Lula. “Como ele poderia não saber de nada com o número dois do governo envolvido?”, indaga, numa referência ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no caso. “Era impossível que ele (Lula) não soubesse. Todos sabiam que havia algo esquisito, mas provar isso é outra coisa”, avaliou.

Contexto

O tucano concedeu a entrevista em seu escritório, em São Paulo, o que indica que as declarações foram dadas há pelo menos três semanas, já que FHC saiu de férias neste período. As falas, portanto, ocorreram antes de a reportagem revelar que interlocutores do petista e do Palácio do Planalto procuraram FHC para estimular uma conversa entre ele e Lula sobre o futuro do governo Dilma.