Preso em seu gabinete na Assembleia Legislativa há dez dias, o deputado Mauro Carlesse (PTB) foi o que mais faltou às sessões no primeiro semestre deste ano. Levantamento do Jornal do Tocantins aponta ainda que nenhum dos 24 deputados teve 100% de assiduidade nos compromissos oficiais na Casa de Leis. Com apenas uma falta, Elenil da Penha (PMDB) e Zé Roberto (PT) lideram em número de presenças.

Carlesse teve 23 faltas no total de 70 sessões ordinárias e extraordinárias realizadas no período apurado pela reportagem - 1º de fevereiro a 23 de junho deste ano. Ele, que cumpre prisão civil por decisão da Justiça por conta do processo referente a pagamento de pensão à ex-esposa, não falou com a reportagem.

Sua assessoria informou que o deputado teve dificuldades em registrar a presença no painel eletrônico nas primeiras sessões, o que teria levado ao registro de algumas faltas, apesar de estar presente. Também ressaltou que as faltas que de fato ocorreram foram justificadas, a exemplo de quando se ausentou para tratamento de saúde e para participar de audiências em Brasília, representando a Legislativo tocantinense.

Depois de Carlesse, Toinho Andrade (PSD) e José Bonifácio (PR), com 20 e 19 faltas, respectivamente, são os mais faltosos. Ambos disseram que as ausências foram justificadas por motivo de saúde.

Em outro ranking, o dos mais assíduos, estão Elenil da Penha e Zé Roberto, cada um uma falta, e Vilmar de Oliveira (SD)com cinco ausências. Tanto Elenil quanto Vilmar avaliaram que o número de faltas que têm é aceitável. Zé Roberto não respondeu.

Repercussão

A reportagem entrou em contato com os 24 parlamentares estaduais por meio do e-mail de contato registrado no site da Assembleia. Entre os que responderam, a maioria informou que as faltas foram oficialmente justificadas, motivadas por compromissos oficiais (reuniões da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais ou dos partidos que representam), visitas a municípios da base ou problemas de saúde.

É o caso de Nilton Franco (PMDB), Luana Ribeiro (PR), Paulo Mourão (PT), Jorge Frederico (SD), Wanderlei Barbosa (SD), Eduardo Siqueira Campos (PTB), Olyntho Neto (PSDB), Ricardo Ayres (PSB), Eli Borges (Pros) e Valderez Castelo Branco (PP). “(...) não se mede a atuação de um parlamentar tão somente pela sua presença em sessões plenárias, mas, sim, pelo conjunto de seu trabalho legislativo e político (...)”, diz trecho da nota enviada por Luana. O argumento dela foi recorrente entre os deputados.

Eli Borges, que em outras legislaturas esteve entre os mais assíduos, disse que neste ano se ausentou para acompanhar votações dos Planos Municipais de Educação no interior.

Outras situações

Líder do governo, Mourão afirmou que suas ausências ocorreram em função de reuniões com o governo em discussões de interesse do Estado e de servidores. Da oposição, Eduardo Siqueira disse que as ausências foram justificadas e, em quatro sessões em que esteve fora por interesses particulares, solicitou que os dias faltosos fossem descontados de seus vencimentos.

Rocha Miranda afirmou que “não se sente faltoso ou ausente das sessões, vez que essas ausências se restringem quando seu trabalho e sua presença são solicitados junto aos municípios que representa”.

Avaliação

O presidente da Casa, Osires Damaso, avaliou que a ausência dos deputados é justificável. “Muitas vezes o parlamentar se encontra em suas bases eleitorais, atendendo à comunidade representada por ele”, diz trecho da nota enviada pela Assembleia. Damaso disse que atividades fora são inerentes ao cargo.

Os deputados Valdemar Júnior (PSD), Cleiton Cardoso (PSL), Eduardo do Dertins (PPS), Júnior Evangelista (PRTB), Amélio Cayres (SD), Amália Santana (PT) e Zé Roberto não deram retorno sobre o assunto.

Informações

Os dados foram coletados nas atas das sessões, publicadas no Diário Oficial da Assembleia.

A consulta foi feita nas publicações até o último dia 4, contudo, algumas sessões do primeiro semestre ainda não tinham as atas publicadas (veja, no quadro abaixo, as informações por deputado).