O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi condenado nesta quinta-feira (15) por corrupção e gestão fraudulenta de instituição financeira ao tomar um empréstimo destinado ao PT.

O juiz Sergio Moro concluiu, com base em documentos e na confissão do próprio Bumlai, que a operação foi "fraudulenta" e que "o real beneficiário dos valores foi o Partido dos Trabalhadores".

O pecuarista confessou parte dos crimes, e sua defesa chegou a argumentar no processo que ele foi "o trouxa perfeito" do PT. Moro, porém, entendeu que não cabia a Bumlai o retrato de "vítima".

"Ninguém obrigou José Carlos Bumlai a aceitar figurar como pessoa interposta no contrato de empréstimo [...] É óbvio que assim agiu para, assim como o Grupo Schahin, estabelecer ou manter boas relações com a agremiação política que controlava o Governo Federal", escreveu o magistrado.

O empréstimo nunca foi quitado: um acordo garantiu que a Schahin perdoasse a dívida em troca de um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para a operação de um navio-sonda, em 2009.

Para Moro, a contratação da Schahin para o contrato bilionário "revestiu-se de grotesca ilicitude, sendo fruto de escolha arbitrária de agentes da Petrobrás e motivada por razões espúrias".

"Os fatos revelam a utilização indevida da estrutura da empresa estatal para benefício pecuniário de agremiação política, com a atuação consciente de dirigentes da Petrobrás", escreveu Moro.

Bumlai, que está preso preventivamente na Polícia Federal em Curitiba, foi condenado a 9 anos e 10 meses de prisão.

Também foram condenados os executivos do grupo Schahin, Milton Schahin, Fernando Schahin e Salim Schahin; o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró; o ex-gerente da estatal Eduardo Musa; o operador e lobista Fernando Soares, o Baiano; e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Ainda cabe recurso à decisão.