Ao defender a presidente Dilma Rousseff na comissão especial do impeachment do Senado na manhã desta sexta-feira (29), a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, apelou para aspectos pessoais da petista para explicar seu apoio a ela.

"Também estou com a presidente Dilma porque acredito na sua idoneidade, honestidade e espírito público. Não confio e acredito naquele que faz, mas rouba. Jamais a apoiaria se tivesse viés de dúvida do seu caráter", afirmou.

A ministra é do PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer, acusado pelo governo de "conspirar" contra Dilma. Caso o plenário do Senado confirme, em votação prevista para ocorrer em 11 de maio, o afastamento da petista do cargo, é Temer quem assume seu lugar. Kátia é a única ministra do partido que ainda permanece na Esplanada dos Ministérios.

Em seus 30 minutos de exposição, ela explicou como o funciona a concessão de subvenção de crédito agrícola para o Plano Safra, um dos aspectos apontados para justificar o pedido de impeachment da presidente, sob alegação de que o governo atrasou o pagamento.

"Quem nunca teve que atrasar suas contas na sua vida?", ponderou.

Kátia Abreu destacou que a "subvenção vem da diferença do juro que o governo quer oferecer para deixar o país competitivo com o do mercado".

A ministra da Agricultura frisou ainda que não se pode tratar os contratos de subvenção a agricultores como empréstimos. "A lei complementar 101, que regulamenta essa questão, distingue claramente o que é concessão de subvenção e operação de crédito. Nesse caso, não existe contrato de multa, de vencimentos. Não se pode encarar que a subvenção agrícola seja um empréstimo".

Kátia destacou aumento na produtividade, crescimento de compras de máquinas agrícolas e dos contratos do Plano Safra. "Peço que possamos refletir a importância da agricultura e não criminalizar um instrumento, talvez o mais importante, para garantir o agronegócio do médio e pequeno agricultor", encerrou a ministra.

Após tumultuada sessão na quinta (28), que entrou pela madrugada, quando foram ouvidos o jurista Miguel Reale Júnior e Janaína Pascoal, autores do pedido de impeachment, a comissão que analisará o afastamento da presidente recebe esta manhã representantes da defesa.

Além de Kátia Abreu, foi ouvido o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) e será ouvido José Eduardo Cardozo (AGU). Após a exposição de todos os convidados, os senadores poderão fazer perguntas.