O senador Ronaldo Caiado, líder do Democratas (DEM) no Senado Federal, não participará nesta terça-feira (17) da votação sobre o afastamento ou não do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suas funções. Isso porque ele fraturou o ombro após sofrer uma queda de uma mula na última sexta-feira (13), em sua fazenda no município de Mara Rosa.

Mesmo de licença médica e impossibilitado de fazer qualquer deslocamento, o senador goiano não se eximiu e se expressou nas redes sociais sobre a votação que vai definir o futuro do parlamentar mineiro. 

"Minha posição sobre a votação de terça: Sou um defensor do respeito absoluto às instituições. Decisão judicial não cabe contestação. É para cumprir. Não compactuo com erros. Sou a favor do voto aberto e do respeito à decisão do STF. Infelizmente por causa dessa grave fratura não conseguirei ir. Mas a minha ausência em nada ajuda o senador Aécio Neves. Quem precisa garantir a presença e ter o voto de 41 senadores é quem se defende", comentou Caiado no post falando que ele ficará de licença médica de suas atividades parlamentares inicialmente durante 15 dias.

Em resposta a um seguidor, Caiado afirma que "quem precisa garantir a presença e ter o voto de 41 senadores é quem se defende".

Conforme a equipe de comunicação, Ronaldo Caiado sofreu uma fratura cominutiva (com vários fragmentos) na cabeça do úmero esquerdo com deslocamento posterior do tubérculo maior. Pelo aspecto radiológico e da tomografia, há indicação cirúrgica. Mas, por causa de um grande hematoma formado no local da fratura, o senador, que é ortopedista, e os seus colegas médicos optaram pelo uso de um aparelho específico para imobilizar o ombro e o braço esquerdo.

Eles devem aguardar por uma semana para repetir novamente os exames e optar definitivamente por qual tratamento seguir: o conservador ou o cirúrgico. “Neste período, o senador se encontra em sua residência em Goiânia, em repouso absoluto, usando analgésicos e anti-inflamatórios”, informou a assessoria.

Contudo, a queda e a recuperação de Caiado devem ausentar o senador na próxima terça-feira (17) no Senado, dia da votação sobre o afastamento ou não do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suas funções. Por decisão da justiça do Distrito Federal a votação será aberta, sem votos secretos por parte dos parlamentares.

Voto aberto

Sem atividade parlamentar, passaporte e proibido de sair de casa à noite, desde 26 de setembro, por decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) terá o futuro decidido amanhã (17) pelos colegas no Senado. Em uma sessão no plenário da Casa, o tucano pode retornar ao cargo caso a maioria dos senadores, 41, opte pela derrubada da decisão do Supremo.

Contra Aécio pesa a decisão liminar do juiz federal Márcio de Freitas, do Distrito Federal. Ele proibiu que a votação seja secreta. Caso a liminar seja derrubada, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), vai decidir como encaminhará a votação, antes porém, pretende discutir o assunto com os líderes dos partidos.

Para garantir a decisão da Justiça Federal de Brasília de fazer a votação aberta, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), favorável ao afastamento de Aécio, protocolou na manhã hoje mandado de segurança no STF. “A regra da Constituição é clara: o voto neste caso tem que ser aberto, claro e transparente”, defendeu.

O líder do PMDB, Raimundo Lira (PB), não declarou voto, mas afirmou ser pessoalmente favorável a votação aberta. O PMDB tem 23 dos 81 votos. Em uma rede social, a senadora Ana Amélia (PP-RS) adiantou como vai votar. “Espero que essa votação seja com voto aberto, de forma transparente! Votarei para manter a decisão do STF, pelo afastamento do senador”. Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o Senado deve agora apoiar o afastamento, sob o risco de se desmoralizar. De acordo com ele, cabe à Casa legislativa mostrar que não é complacente com a corrupção.

Outro partido, o PT, que inicialmente chegou a criticar a decisão do STF de afastar Aécio do mandato, voltou atrás. Em reunião prevista para amanhã, antes da votação, a sigla deve fechar questão e votar pela manutenção das medidas contra o tucano.

Histórico

À época da prisão em flagrante do então senador Delcídio do Amaral, em 2015, com o apoio do PSDB e de Aécio, o Senado decidiu derrubar a prerrogativa de votação secreta e registrar abertamente o voto dos senadores. O ex-petista acabou afastado por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção.