O brasileiro foi chacoalhado e surpreendido com a paralisação dos caminhoneiros que, num ato muito simples, demonstraram a importância do transporte de cargas no Brasil. Há quatro anos houve outras manifestações por queixas muito semelhantes: aumento de preço no custo do transporte, corrupção, reforma tributária, reforma política, impeachment e foro privilegiado. E o governo o que fez nesse tempo? Apagou incêndio aqui e acolá, além de preocupar-se em defender a própria pele!

Essa paralisação ganhou corpo rapidamente e os produtos começaram a faltar no final da cadeia produtiva. Não demorou para o caos surgir e o ser humano demonstrar seu pior lado. Não somos educados à cidadania. Há muitos anos falta Educação Moral e Cívica nas escolas, falta OSPB (Organização Social Política Brasileira) e falta entender o que é pensar e agir coletivamente.

Empresários e microempresários, a exemplo de outras catástrofes, aumentam os preços de norte a sul do país, aproveitando-se da situação. Por outro lado, o cidadão, faz estoque de produtos alimentícios como a se preparar para o Armagedon!

Nesta “nova velha crise” um novo tipo de manifestação dessa vez atinge o sistema circulatório e faz regurgitar toda sorte de reivindicações. Ambulâncias não podem circular por falta de combustível. Ora, mas há muitos anos a população reclama que não tem ambulâncias. Cirurgias foram canceladas por falta de insumos, mas, ora, cirurgias não são marcadas há anos por falta de leitos, por falta de equipamentos e de médicos. Faltam remédios nas farmácias, mas muitos foram vítimas da omissão do Estado na falta de medicamentos para diabetes, hipertensão e câncer, que deveriam ser fornecidos de graça e, muitas vezes, foram incinerados pela ineficiência da gestão pública!

De um lado, uma população vítima duas vezes, uma da exploração de um Estado que presta serviços muito aquém da expectativa e a outra da própria ignorância. Do outro lado, gestores letárgicos nas soluções. Faltam produtos nas prateleiras, mas sobra inabilidade dos governantes!

O Brasil é um país pacífico. A população não é treinada para agir numa crise de tal dimensão. Em uma semana, o consumidor precisou aprender a economizar o combustível, o gás, o alimento, quiçá deverá aprender ainda mais rápido a aplicar a economia compartilhada. Talvez seja forçado a rever seus hábitos de consumo e perceber que somos rodeados de recursos finitos. Por que não experimentar ir ao trabalho, quando possível, a pé ou de bicicleta e por que não falar com aquele seu vizinho e conhecer seu itinerário? Fazer uma horta no próprio quintal e produzir você mesmo um pouco do que consome, valorizar a produção local, a horta urbana comunitária que aproveita lotes abandonados e mal utilizados, planejar as refeições evitando o desperdício e tantas outras possibilidades no contexto da vida de cada um.

Investir na educação para o consumo é investir no futuro da coletividade!