De toda água doce superficial do mundo (0,65% do total de água no globo), apenas 51,8% (0,333% do total) está disponível para ser usada. Da água doce que realmente é utilizada, 70% é utilizada para a prática da irrigação na agricultura.

Já superamos os 1,4 bilhões de litros de água para o abastecimento urbano, quando comparados com o ano passado (no mesmo período), segundo a empresa responsável. E ainda, estamos longe início das chuvas. A bacia do Tocantins-Araguaia no último período chuvoso apresentou desvios negativos em quase sua totalidade, ou seja, faltou água literamente. Principalmente, nas regiões do extremo norte, sudoeste e sudeste, esta última com históricos recorrentes de grandes “secas”.

Falar da importância da água, pode até parecer repetitismo desproposital. Atualmente, nos encontramos em um longo período de estiagem, que infortunadamente perdurará até meados de outubro.

Início de agosto acabando as nossas tão esperadas férias, onde o mês de veraneio foi de praias, muito sol e temperaturas de 35C. Aproveitar a natureza foi uma das diversões mais preferida neste último mês de julho. E você observou como andam baixos os níveis de água nos nossos mais famosos balneários naturais? Era esperado? Dentro do normal? para nós meros visitantes, com olhares distraídos e encantados pelas exuberantes belezas naturais, este detalhe nos passam despercebidos, não é verdade? Sobre os olhares dos ribeirinhos, estes sim, estão assustados pelos atuais níveis de água Estado a fora.

Bem verdade, que os extremos meteorológicos estão cada vez mais presentes em nossas vidas e provocando grandes prejuízos e transtornos diários para as populações em todas as partes do mundo.

Atualmente, estamos acompanhando pelos noticiários o grande colapso no abastecimento em parte do Sudeste brasileiro, nada surreal, estamos à mercê realmente dos fenômenos atmosféricos.

Lá em São Paulo, que vem sofrendo com a maior falta de água das últimas décadas. Ironicamente, recorreu-se a ajuda dos céus, na verdade para um fenômeno meteorológico denominado El Niño, que em tese poderia socorrer o Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios que abastece a Região Metropolitana de São Paulo e parte do interior do estado, e Ele por sua vez, enfraqueceu e a agonia deverá continuar pelos próximos meses.

E o que pensar dos desperdícios de águas diariamente em nossa capital? Onde a irrigação é realizada nas horas mais quentes do dia, onde a técnica utilizada mais joga água nas avenidas que ficam inundadas, aumentando a insegurança no nosso já conturbado trânsito, do que repõem o necessário para que as gramas continuem verdes.

Água tratada é cara! Supomos então, que esta não esteja sendo utilizada para tal. De toda forma, há custos envolvidos em todo o processo, como: energia elétrica para bombeamento, pessoal operacional (funcionários para ligarem e desligarem o sistema) e o transporte em caminhões pipas para alguns setores.

E, se não for? Nossos córregos, ribeirões e rios suportam tamanha retirada nesta época do ano? Fica o questionamento para pensarmos.

Tão necessário quanto à manutenção do verde, do paisagismo e do urbanismo para a manutenção da beleza da mais nova capital do país. É a consciência e o entendimento do conceito do uso racional da água.

Racionalizar o uso da água tem sido um dos maiores desafios mundo afora, seja, na agricultura, nos canteiros, e, principalmente em nossas atividades domésticas. O tema tem se tornado imprescindível, tanto para preservação dos recursos naturais, quanto para conservação do meio ambiente em nível local e global.

Prof. Doutor José Luiz Cabral da Silva Júnior</MC> é professor do curso de Engenharia Agronômica da Fundação Universidade do Tocantins, coordenador do Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos - Nemet/RH

E-mail: jlcabral_jr@yahoo.com.br