Um réu encontra-se diante de um juiz. Esse juiz é capaz de estudar e de proferir sentenças num prazo, absurdamente, rápido. Tal magistrado é completamente diferente de seus pares, pois não ganha nenhuma remuneração. Esse juiz é capaz de trabalhar 24 horas por dia, todos os dias do ano.

Tal cena, um tanto quanto surreal, vem sendo cada vez mais verossímil ante a entrada de uma inovação tecnológica que vem modificando o modo com que o cidadão relaciona - se com a sociedade.

Trata-se dos algoritmos, que, certamente, imputarão intensos ganhos de produtividade não só no trabalho, mas em todas as atividades que relacionam o ser humano com a modernidade.

Nouriel Roubine, autor do best seller: “Mega Ameaças”, vem prevendo coisas dessa natureza. Ele é um economista respeitado entre seus pares. Para quem não se lembra de Roubine, ele foi a voz solitária que previu o estouro da bolha imobiliária ocorrida nos Estados Unidos em 2008.  Nesse episódio, o sistema capitalista foi colocado à prova numa intensidade similar à Grande Depressão de 1929.

Por ora, os algoritmos vêm, com muita intensidade, substituindo tarefas repetitivas como é o caso das fábricas de automóveis e o setor de vendas. 
Não se pode desconsiderar a enorme quantidade de trabalhadores que perderam seus empregos e o que é mais grave: os algoritmos extinguiram a profissão de milhares de trabalhadores. De acordo Nouriel Roubine, foram extintas 706 profissões.

Atualmente, os cientistas estão numa fase bastante avançada da produção da única coisa que a inteligência artificial ainda não conseguiu substituir: o poder de decisão. Desse modo, se os algoritmos podem até decidir sobre questões complexas, a partir desse momento será perfeitamente possível robôs substituírem magistrados não só executando, mas, sobretudo, decidindo questões complexas.

Além de Nouriel Roubine, tem muita gente de peso científico acreditando nesse mundo novo. O mais conhecido desses cientistas é o professor israelense Yael Noah Harari, autor dos best sellers: “Sabiens” e o “Homo deus”. Este último livro trata do conhecimento humano incorporado ao robô pelo poderoso algoritmo. A partir daí, morre o Homo Sapiens para surgir o “Homo deus”, uma espécie de super-homem dotado de habilidades extraordinárias, inclusive a vida eterna.

Confesso minha incapacidade de compreender assuntos repletos de imaginação voltados para o que ainda não aconteceu. Entretanto, respeito a extraordinária inteligência desses pesquisadores. Nouriel Roubini, PHD pela Universidade de Harvard e o único economista do mundo a prever a bolha imobiliária, ele tem credencias para novas incursões sobre as incertezas do futuro. Já o israelense Yuval Harari, respeito-o pelos milhões de exemplares de livros vendidos fato que evidencia a consistência de sua pregação.

Volto onde comecei, a tão propalada morosidade do poder judiciário que se cuide, os algoritmos é a inovação tecnológica que extinguirá essa morosidade. Eis aí a imaginação destruidora de que tanto nos fala, em seus escritos, o genial economista Joseph Schumpeter.

Salatiel Soares Correia
é engenheiro, bacharel em administração de empresas, mestre em energia pela Unicamp, autor de oito livros relacionados aos seguintes temas: energia, economia, política e desenvolvimento regional e articulista dos: Jornal Opção, Diário da Manhã, Jornal do Tocantins e Empório de Notícias do Vale da Eletrônica – MG.