Não posso precisar a data exata que a Universidade Federal de Goiás , representada pelo Instituto de Matemática e Física, sediou um encontro dos maiores nomes da matemática no País.  Nomes peso como o saudoso Elon Lages Lima e Jacob Palis abrilhantaram esse encontro .

A  nível internacional, o seminário contou com a participação de matemáticos da mais importante universidade tecnológica do mundo, o respeitado Instituto de Tecnologia de massuschets, o lendário MIT.

Da Unicamp, escola em que cursei meu mestrado em energia, vieram matemáticos de primeira linha, a exemplo o PhD pela Universidade de Stanford, Scaramucci, e um dileto amigo que cursou seu doutoramento na mesma época que eu cursava meu mestrado: o professor Valdenberg Araújo.

Peço licença aos leitores para apresentar esse importante pesquisador.

Valdenberg Araújo tinha  todos os ingredientes para não vencer na vida. A pele escura, as inúmeras dificuldades financeiras que a vida lhe impôs. Pais separados desde criança esses são alguns dos obstáculos que ele teve que enfrentar. Meu amigo  foi vencendo a todos .

Obstinado na busca de  seus objetivos, ele logo percebeu que só tendo uma sólida formação acadêmica  ele poderia almejar um lugar ao sol. Ciente disso ele foi atrás  dessa formação.

Sem dinheiro para pagar um cursinho, Valdenberg  se fez autodidata. Revelou sua vocação para academia no momento que foi um dos primeiros colocados para o curso de engenharia da Universidade Federal Fluminense. Concluí a graduação, meu amigo  cursou o mestrado do rigoroso Instituto de Matemática Pura e Aplicada e, de lá, após uma breve passagem pelo Instituto de Tecnológico da Aeronáutica, por livre escolha, seguiu  rumo a Unicamp para cursar o doutoramento. Foi lá  que nossos destinos  se cruzaram. De vizinhos, nos tornamos grandes amigos.

Naquela altura da vida Valdenberg já era um matemático reconhecido entre seus pares. Cansei de presenciar experientes engenheiros da Petrobras, que lá faziam suas pós-graduações, rumarem para o apartamento do  Valdenberg para tirar dúvidas das mais cabeludas. Ele atendia a todos com a maior atenção.

Após conclusão do mestrado voltei para Goiânia e de lá acompanhei à distancia a brilhante vida acadêmica do Valdenberg. Com o doutorado concluído, tornou-se professor da mais importante universidade do nordeste do país: a Federal de Pernambuco.

Seu compromisso com o desenvolvimento do país o levou a preparar jovens talentos  para cursarem a pós-graduação em centros de excelência no Brasil e no exterior. Muitos de seus alunos são hoje respeitados matemáticos na academia internacional. Um deles tornou-se professor da Universidade de Harvard, outros são pesquisadores no IMPA e em certos de excelência na França.

Posto isso, apresento, aos meus leitores, a maior inteligência tecnológica do país que, aos 18 anos, ganhou o respeitado prêmio da ciência brasileira:  o ex-professor da Universidade de Brasília Henrique Sarmento Malvar. Falemos um pouco da trajetória dele. 

Henrique Malvar veio de um lar com maiores condições econômicas que o professor Valdenberg.Filho de dois respeitados professores da Universidade de Brasilia,Henrique Malvar se destacou ao ponto de ser ele a maior média de toda história daquela instituição. Concluída a gradução,Malvar terminou, em tempo Record, o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro. De lá foi admitido no MIT concluindo o doutorado em menos de dois anos,

Ao levar meu amigo Valdenberg para o aeroporto Santa Genoveva, encontrei Henrique Malvar que, naquela noite, embarcaria para Boston. Como eu conhecia o doutor Malvar, quis apresentá-lo a meu amigo . 
Ele estava manuseando seu laptop quando dele me aproximei.
- Boa tarde, doutor Malvar, não sei se o senhor lembra de mim.
- Claro. Já conversamos uma vez na UnB?
- Sim, fui lá assistir uma palestra que o senhor proferiu sobre o telefone do futuro.
- Sim, o futuro chegou. Naquela época na Microsoft, desenvolvíamos esse projeto,disse ele.
- Gostaria de lhe apresentar o doutor Valdenberg, professor da Federal de Pernambuco e Sergipe.
- Prazer professor já lhe conheço de nome, saudou meu amigo o Doutor Malvar.

Não demorou mais que dez minutos de conversa para que Valdenberg percebesse que o doutor Malvar era um homem diferente. Conte nos dedos da sua mão quem conseguiu ir tão longe como o pesquisador como ele concluir seu PHD em menos de dois anos. Seu trabalho doutoral chegou nas mãos de Bill Gates que o empregou .Não durou mais que um ano para o dono Microsoft nomear esse talentoso pesquisador vice-presidente de sua empresa.

Encerro estes escritos avaliando trajetória desses dois talentosos trabalhadores do conhecimento. Professor Valdenberg e seu amplo domínio da matemática; Henrique Malvar e sua privilegiada inteligência tecnológica.

Valdenbeg, muito inteligente, dialogando com gênio chamado Henrique Sarmento Malvar. Foi prazeroso presenciar a humildade cientifica de ambos e o respeito que o gênio e o muito inteligente tiveram um com o outro.

A cena me  fez lembrar do poeta Fernanda Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena. “