A China é um gigante que há muito tempo deixou de ser adormecido. Prova disso, são as espantosas taxas de crescimento anuais que aquele imenso país amarelo vem sustentando há mais de duas décadas: em média 10%. E lógico:Para sustentar taxas tão significativa de crescimento é necessário muito investimento em infra-estrutura.  Nesse sentido vale ressaltar o seguinte detalhe: estão sendo atualmente construídos mais de 100 mega-aeroportos em terras chinesas sendo que o menor deles é do tamanho de um do maior de nossos aeroportos: o Tom Jobim, no Rio de Janeiro.

Um outro aspecto que evidencia o elevado crescimento chinês é o espantoso o aumento da participação de um insumo que sustenta o crescimento das economia — a energia.

A respeito desse assunto nos aponta o professor da Universidade de Bruxelas, Samuel Furfari, informações que creio serem oportunas para melhor caracterizar o elevado crescimento chinês. Vejamos, pois, alguns desses aspectos.

Primeiro: a demanda (procura) por eletricidade mudou substancialmente de patamar nos últimos 20 anos—de 9% para 18%.

Segundo: Com a urbanização migram todos os anos do campo para as cidades cerca de 20 milhões de chineses.  Isso equivale à população de todo Estado de São Paulo.

Terceiro: se encontra praticamente concluída no Rio Yang Tse aquela que será a maior Usina Hidroelétrica do mundo: a de 3 Gargantas com potencia de 18.200 Megawatts. Detalhe: quase 40 vezes maior que a Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada! Ou se querem outra comparação tal potencia equivale a 18 reatores nucleares.

Quarto: a matriz energética chinesa é altamente dependente do carvão que, como sabemos, muito contribui para o aquecimento da terra. Além disso, morrem — pasmem! — cerca de 18 trabalhadores por dia nas minas produtoras desse mineral. E o que é pior: por causa da poluição atmosférica falecem anualmente cerca de 300.000 pessoas. Gente que ainda utiliza tecnologias rudimentares para atender suas necessidades pelo insumo energia.

Embora o carvão seja um problema que enfrenta a sociedade chinesa, o governo daquele país amarelo estabeleceu metas audaciosas de economia de energia em torno de 20% para os próximos 5 anos. Com isso certamente surge um imenso potencial a ser explorado pelas novas fontes renováveis como vem sendo o caso do aumento da participação da energia hidroelétrica e, num maior espaço de tempo, da energia eólica. 

São desafios de uma economia que tende num horizonte de poucas décadas  ultrapassar a economia norte americana no tocante a ser a maior economia do mundo.

Salatiel Soares Correia
é engenheiro  administrador de empresas,mestre em energia pela Unicamp é autor de oito livros relacionados aos temas energia,economia e política