O helicóptero usado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), para buscar o filho após uma festa de Réveillon motivou protesto do funcionalismo.

Nesta terça (3), servidores dos hospitais do Estado, em greve, exibiram cartazes com desenhos de helicópteros num ato em frente ao hospital infantil João Paulo 2º, em Belo Horizonte.

Paralisados desde o dia 22, eles protestam contra o parcelamento dos salários e o corte de alimentação a pacientes e acompanhantes.
"O governo tira o café com leite dos hospitais, mas gasta com helicóptero", diz Carlos Augusto Martins, presidente da Asthemg (Associação dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais).

"É isso que vai tirar o Estado da quebradeira que está? Duvido muito."

O governo de Minas decretou estado de calamidade financeira no início de dezembro, tem atrasado salários e parcelou o 13º dos servidores.

MUDANÇA

O governo informou que houve uma "mudança no processo de alimentação para evitar desperdício", e que, desde dezembro, fornece alimentação a acompanhantes apenas nos casos previstos em lei (ou seja, no caso de pacientes crianças, adolescentes, idosos e gestantes).

Para pacientes, as refeições foram reduzidas de cinco para quatro em alguns hospitais -mas o governo argumenta que a quinta refeição, uma ceia simples, foi incluída no jantar.

O governador Pimentel defende que o uso do helicóptero é legal, previsto em decreto estadual, e que gastaria mais se não o usasse.

"Se eu fosse de carro, iriam duas equipes comigo antes, para verificar as condições de segurança, e ainda dormir no local. Imagina o custo que isso tem", afirmou Pimentel, em entrevista ao jornal "O Estado de Minas" publicada nesta terça.

O decreto citado pelo governador estabelece a prerrogativa do uso da aeronave "em deslocamentos de qualquer natureza".
Para ele, o fato é "uma tentativa de fazer tempestade em copo-d'água".

O vídeo que mostra o embarque do governador e do seu filho foi divulgado pelo deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), que faz oposição a Pimentel e afirmou que irá pedir ao Ministério Público que investigue o caso.

O Ministério Público de Minas Gerais informou, por meio da assessoria, que os promotores estão em recesso e que qualquer medida sobre o fato, caso seja avaliada pertinente, só será instaurada a partir do dia 9.