A senadora Kátia Abreu (PMDB) figura entre os políticos citados na delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Conforme o documento de 82 páginas, disponibilizado pelos principais veículos de comunicação do Brasil como sendo a delação de Filho, cita que a senadora teria entrado em contato com Filho, em nome de Marcelo Odebrecht, que teria dito que iria ajudá-la. Outro político de peso citado 43 vezes na delação foi o presidente Michel Temer (PMDB).

Filho relatou que não conhecia a senadora na época e classificou sua ligação em busca de apoio como um “absurdo” e que Marcelo Odebrecht teria “desmentido” Kátia sobre ter autorizado entrar em contato com Cláudio Melo Filho. O delator conta que Marcelo disse ter pedido a Fernando Reis (presidente da Odebrecht Ambiental) para fazer o apoio. “Sei que o apoio foi realizado porque José Carvalho Filho (seria outro executivo da Odebrecht) intermediou o encontro entre Mário Amaro (diretor-presidente da Foz Saneatins, controlada pela Odebrecht Ambiental) e uma pessoa indicada pela senadora. Não sei precisar o valor”, diz trecho da delação.

No trecho sobre a Kátia, Filho ainda disse que a conheceu quando já era ministra da Agricultura em um encontro junto com Marcelo Odebrecht e Luiz de Mendonça (presidente da Odebrecht Agro na época). (Veja a íntegra da delação que cita a senadora no quadro ao lado)

Procurada pela reportagem, que enviou perguntas via sua assessoria questionando se os fatos relatados eram verdadeiros, se ela conhecia os citados e se teria recebido apoio, a senadora não se manifestou. Sua assessoria informou que ela estava analisando se responderia à imprensa por meio de nota. Ao jornal O Globo, Kátia Abreu teria dito: “não existe a menor possibilidade de haver uma menção negativa a meu respeito”.

Preocupado com os efeitos que a delação da Odebrecht pode causar em seu governo, o presidente Temer pediu cautela a aliados para analisar os detalhes das denúncias que o levavam, junto com seus principais auxiliares, ao centro da Lava Jato. Segundo assessores do presidente, a ordem é “esperar a poeira baixar” antes de traçar prognósticos.

Além de Temer, os ministros Moreira Franco (RJ, secretário do Programa de Parcerias e Investimentos), Eliseu Padilha (RS, ministro-chefe da Casa Civil) e os senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, todos do PMDB, também foram apontados na delação premiada do executivo.