Durante as ações policiais da Operação Jogo Limpo, que investiga um esquema de desvio de R$ 7 milhões da Prefeitura de Palmas em convênios da Fundação Municipal de Esportes e Secretaria de Governo, os delegados responsáveis pelo caso encontraram comprovantes de depósitos bancários, feitos por representantes de empresa fantasmas, participantes do esquema, diretamente na conta de vereadores de Palmas.

Uma das transações identificadas após a quebra de sigilo bancário e fiscal das entidades, mostra um saque e imediato depósito de R$ 10 mil na conta do presidente da Câmara Municipal José do Lago Folha Filho (PSD). Essa transação foi feita no dia 29 de janeiro de 2015, pela empresa fantasma NSJ Comercial LTDA, uma das quatro operadas por James Paulo Maciel Vilanova, também investigado na operação. Além da NSJ, ele também controlava a E. R. Montelo, D. dos S. Andrade e C. M. da Silva Comércio, todas fantasmas, segundo a investigação.

Segundo a Polícia Civil, esta empresa sacou no mesmo dia o total de R$ 197.800,00. Foi desse valor que saiu o dinheiro para a conta do presidente do Legislativo. Segundo a investigação, o valor tem origem no convênio de nº. 024/2014 firmado entre a Associação dos Moradores do Setor Santa Fé (Assofé) e a Secretaria de Governo e Relações Institucionais no valor de R$ 215 mil.

JOGO LIMPO

A operação investiga o uso de notas fiscais frias, por pelo menos dez entidades conveniadas com a Prefeitura, fornecidas por empresas fantasmas. Em uma das peças do processo, a que o JTo teve acesso, os investigadores afirmam que as notas eram usadas para justificar despesas e serviços não realizados nos convênios. De acordo com a Polícia Civil, os dez representantes das entidades, presos provisoriamente na primeira fase da operação, em fevereiro, admitiram que os recursos públicos retornaram para servidores públicos e políticos, ou para aqueles indicados por estes.

A operação Jogo Limpo já teve duas fases, a primeira em fevereiro deste ano e a segunda no dia 3 de agosto, quando 26 pessoas foram presas, inclusive o presidente do Legislativo, o ex-presidente Major Negreiros (PSB) e Rogério Freitas (MDB), liberados após prestarem depoimentos à Polícia Civil. Também é investigado o ex-vereador Valdison da Agesp (PT).

outro lado

Ao JTo, Folha negou qualquer envolvimento no esquema e disse que vai provar na Justiça que esse depósito “não tem nada a ver com o que estão dizendo”. Ele disse que está levantando seus extratos dos últimos anos para levar à Justiça e garantiu que não será sequer indiciado ao final da apuração.

“Eu administro um orçamento de milhões, tenho devolvido dinheiro à Prefeitura e não iria jogar minha história fora por uma coisa dessas”, disse.