Alvo da Operação Saqueador, o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta Engenharia, estaria disposto a fazer um acordo de delação premiada e detalhar supostos pagamentos de propinas a políticos do PMDB e do PSDB relacionados a obras nos governos de São Paulo, Rio e Goiás, além de estatais federais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Petrobrás. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Um dos beneficiados pelo esquema seria o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Cavendish também mencionou irregularidades no Rio de Janeiro. Sua relação com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e desvios teriam garantido contratos, entre eles a participação no consórcio que reformou o Maracanã.

Além das irregularidades em São Paulo e no Rio, o acordo de delação citaria desvios de ao menos R$ 276 milhões em Goiás, tanto em contratos com o governo de Marconi Perillo (PSDB) quanto em acordos com municípios, segundo reportagem do "O Estado de S. Paulo".

Em 4 de março de 2012 o jornal O POPULAR publicou a reportagem “Delta tem contratos milionários”. Cinco dias após a prisão de Carlos Cachoeira e da deflagração da Operação Monte Carlo, o jornal mostrou que a Delta era ligada a Cachoeira e que tinha contratos de R$ 276 milhões com o Estado e prefeituras goianas.

A proposta de delação, que foi apresentada para o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e para a Procuradoria-Geral da República, acontece no âmbito da Operação Saqueador, que investiga irregularidades em repasses de recursos públicos e fraudes nas obras da empreiteira.

Ainda segundo o jornal, Cavendish deve detalhar pagamentos indevidos de R$ 71 milhões na obra de ampliação da Marginal Tietê, realizada entre 2009 e 2011 por meio de um convênio firmado entre o governo do Estado, então nas mãos de José Serra (PSDB), e a prefeitura, que era governada por Gilberto Kassab (PSD).

Quanto ao Rio de Janeiro, os documentos apresentados por Cavendish comentariam em detalhes sua relação com o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB).

A Delta teria praticado desvios para obter contratos de obras como a reforma do Estádio do Maracanã e do Parque Aquático Mária Lenk, sede da Olimpíada Rio-2016, e a transposição do rio Turvo.

Cavendish também apresenta, na proposta de colaboração, detalhes sobre pagamentos indevidos relacionados a contratos firmados com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para obras em ao menos quatro rodovias federais.

Outras operações

O dono da Delta teve sua prisão decretada em 30 de junho pela Justiça Federal do Rio. Em agosto, ele foi beneficiado por decisão do Superior Tribunal de Justiça e cumpre prisão domiciliar.

Ao lado de Adir Assad e do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Cavendish foi denunciado na Operação Saqueador por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro de cerca de R$ 370 milhões.

Os três já haviam sido citados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal de Goiás. A investigação apurou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal.

Outro lado

Ao jornal "O Estado de S. Paulo", por meio de nota, o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) informou que "as informações apresentadas não têm a menor procedência". Segundo o texto, "conforme pode ser comprovado nas prestações de contas de 2010, aprovadas pela Justiça Eleitoral, a Delta não fez doações para a campanha do então senador Marconi Perillo".