Uma passeata em direção à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em Caracas, convocada pela oposição para expressar apoio aos 33 magistrados designados na sexta-feira (21) pelo Parlamento, foi bloqueada pelas forças de segurança neste sábado (22), o que gerou confrontos entre manifestantes e agentes.

Os manifestantes pretendiam chegar à sede do TSJ, mas tiveram a passagem impedida a poucos metros do ponto de partida pela Guarda Nacional Bolivariana, que os obrigou a recuar com bombas de gás lacrimogêneo.

Os agentes se encontraram em Chacao, um reduto da oposição no leste de Caracas, com um grupo de jovens conhecido como “a resistência”, que repeliu os ataques com escudos caseiros e também atacou os oficiais com diversos objetos.

O deputado opositor Miguel Pizarro denunciou em vídeo publicado nas redes sociais a “repressão em Chacao” com “bombas de gás lacrimogêneo lançadas contra os manifestantes da estrada com alguns tanques”.

O deputado Ángel Medina denunciou em mensagem no Twitter uma “forte repressão” na estrada Francisco Fajardo, à altura de Chacao. “O nosso povo, em protesto pacífico, foi atacado pela ditadura”, acrescenta a mesma mensagem.

Apoio

A oposição tinha anunciado a intenção de chegar ao TSJ para expressar respaldo aos 33 magistrados designados na sexta-feira (21) pelo Parlamento, não reconhecendo os que foram designados em 2015 por um Legislativo de maioria chavista.

A Venezuela vive desde 1º de abril uma onda de protestos contra o governo gerados após o Tribunal Supremo assumir as funções do Legislativo. Algumas decisões foram revogadas posteriormente.

Pelo menos 100 pessoas morreram até agora em episódios de violência relacionados com as manifestações, que frequentemente resultam confrontos com as forças da ordem.

Número de mortes chega a 103 em 4 meses
A onda de protestos contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deixou um total de 103 mortos em quatro meses, depois da confirmação na sexta-feira (21), pelas autoridades da morte de um menor de 15 anos e de outras duas pessoas nos Estados de Carabobo, Miranda e Zulia.

O Ministério Público informou que o menor morreu na quinta-feira (20), em circunstâncias ainda não esclarecidas, nos distúrbios ocorridos em uma manifestação no setor de Pomona, em Zulia, durante a greve geral convocada por opositores em todo o país.

“Vamos manter a pressão. Nomearemos os juízes e, no sábado, retornaremos às ruas. A próxima semana será crucial para a mudança na Venezuela e para revertermos essa falsa Constituinte”, declarou o deputado opositor Freddy Guevara.

A Venezuela ficou parcialmente paralisada na quinta-feira (20) pela greve geral convocada pela oposição para exigir que o presidente Nicolás Maduro cancele a eleição de uma Assembleia Constituinte, marcada para o dia 30, com a qual, segundo os opositores, ele busca se manter no cargo. 

Lojas permaneceram fechadas em várias cidades e barricadas bloqueavam ruas vazias. Apenas o metrô de Caracas funcionou, com um número reduzido de passageiros.

O presidente Nicolás Maduro declarou ter vencido a oposição, em relação à greve geral, ao destacar que setores-chave da economia se encontravam em operação.