Uma assembleia de policiais civis do Espírito Santo decidiu por fazer uma paralisação nesta quarta-feira (8) em Vitória. Os agentes da Polícia Civil estão cogitando entrar em greve, assim como fizeram os militares. A ação deles é um apoio à greve dos policiais militares do Estado, deflagrada na última sexta (3), e é também um protesto contra a morte de um policial civil em Colatina, no interior do Estado, ao tentar impedir um assalto.

Os sindicatos dos policiais civis organizam reuniões com a categoria nesta quarta e também na quinta (9) para decidir se iniciam ou não uma greve.
Nesta quarta, houve um cortejo de policiais nas ruas de Vitória em homenagem ao policial morto, e uma manifestação está prevista para acontecer na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Protesto de policiais civis no Espírito Santo em apoio à greve da PM. 

Os policiais civis seguiram a pé até o Quartel do Comando-Geral da PM para demonstrar apoio ao movimento de familiares dos militares. No ato, os agentes de segurança pública criticam o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e reclamam que faltam policiais no Estado.

Mais cedo, Hartung, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa e disse que a greve dos PMs "é uma chantagem". Ele ainda afirmou que só vai negociar as reivindicações dos policiais militares quando a paralisação for interrompida.

Criminalidade 

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis, o número de mortos desde sábado (4) no Estado subiu para 85. O governo não confirma o número. O Sindicato dos Rodoviários decidiu manter os ônibus na garagem após o clima de tensão desta terça (7), quando o Exército teve que interferir para liberar uma avenida em frente ao Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar. Centenas de pessoas se reuniram em frente ao quartel, onde familiares de policiais e manifestantes que querem a volta da PM protestavam.

Onda de violência no ES PM está em greve desde o dia 3 de fevereiro Com PM em greve, ES tem aumento de violência e pede ajuda do Exército Justiça diz ser ilegal greve de PM no ES e estipula multa de R$ 100 mil por dia Após ataques, ruas de Vitória ficam vazias e shoppings fecham as portas Onda de violência em Vitória superlota departamento de medicina legal "Após acompanhar cuidadosamente os últimos acontecimentos, ainda não se reconstituiu o ambiente que garanta a plena segurança e mobilidade de servidores, população e suas famílias. Por isso, infelizmente é necessário suspender novamente todas as atividades da prefeitura", afirmou prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS).

Pelo terceiro dia seguido, escolas e postos de saúde amanheceram fechados nesta quarta (8) em Vitória, mesmo com a presença do Exército nas ruas.
O secretário de Segurança Pública do Estado, André Garcia, voltou a dizer que 1.200 homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança patrulham a Grande Vitória. Disse também que solicitou mais tropas ao governo federal.

Govenrador chama de chantagem 

O governador licenciado do Espírito Santo, Paulo Hartung, disse nesta quarta-feira (8) que o governo está sendo chantageado pelos policiais militares que estão sem patrulhar as ruas das cidades, e que isso que tem causado uma grave crise na segurança pública.

“É um caminho errado, que rasga a Constituição do país. O que está acontecendo no Espírito Santo é chantagem aberta. Isso é a mesma coisa que sequestrar a liberdade e o direito do cidadão capixaba e cobrar resgate. Não pode pagar resgate nem pelo aspecto ético nem pelo descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse Hartung à imprensa, na residência oficial do governo, em Vila Velha.

Ele está licenciado do cargo por causa de uma cirurgia, feita na última sexta-feira (3), para retirada de um tumor na bexiga. Por recomendação médica, ele continua em repouso e só deve reassumir o cargo na semana que vem. César Colnago continua como governador em exercício.

Hartung fez um apelo para que os policiais militares voltem ao trabalho imediatamente. “Eu me dirijo aos homens e mulheres da Polícia Militar sérios e de bem, que pertencem a uma instituição mais que secular no estado que está sendo manchada por atitudes grotescas. Respeitem a sua instituição, o estado do Espírito Santo, o cidadão capixaba. Quem paga essa conta é o cidadão capixaba, quem está mantendo o salário dos profissionais de segurança em dia é o cidadão capixaba.”

O governador em exercício, César Colnago, informou que vai pedir o envio de mais agentes da Força Nacional e militares das Forças Armadas ao governo federal para se juntar aos 1,2 mil homens que já estão patrulhando a região metropolitana de Vitória.

Segundo Colnago, o governo está apostando no diálogo com os policiais militares e seus parentes e está aberto a novas reuniões. Ele também afirmou que há um movimento articulado para desorganizar a segurança pública do estado, mas não quis mencionar quem são os “atores políticos” que estariam interferindo nas negociações.

Para o governador em exercício, a população está vivendo em “cárcere privado”. “Estamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, em época de ajuste fiscal. Não há como conceder aumento neste momento”, afirmou.