O ex-diretor do FBI James Comey acusou ontem o presidente americano, Donald Trump, de demiti-lo para tentar prejudicar a investigação sobre a influência russa na eleição do republicano, no ano passado. Comey disse ter registrado notas dos nove encontros que manteve com Trump neste ano porque “possivelmente o presidente mentiria sobre eles depois”. 

“Eu sei que fui demitido sobre algo envolvendo a minha condução da investigação sobre a Rússia. Isso de alguma maneira o pressionou e o irritou e ele decidiu me demitir por causa disso”, disse Comey aos senadores. 

Questionado sobre possíveis gravações que Trump tenha sobre as reuniões, como o presidente alertou há algumas semanas no Twitter, Comey disse: “Deus, espero que elas existam. Aí não teremos apenas a minha versão e a dele.”

Sobre uma possível conspiração de Trump com a Rússia para intervir nas eleições, Comey respondeu que não poderia falar do assunto em uma sessão aberta. Depois do depoimento, o ex-diretor do FBI terá um encontro fechado com os integrantes do Comitê de Inteligência do Senado.

Segundo ele, não há nenhuma dúvida de que as autoridades do país atuaram para influenciar a disputa presidencial americana.

Comey afirmou que Trump demandou “lealdade” de sua parte e pediu que ele declarasse publicamente que o presidente dos EUA não estava sob investigação. Segundo ele, Trump não sugeriu que ele interrompesse o inquérito sobre possível conspiração entre integrantes de sua campanha e a Rússia.

Comey declarou que o presidente não estava sob investigação no momento em que ele foi demitido da chefia do FBI, no dia 9 de maio. Apesar de acreditar que o presidente tem poder para demitir o diretor do FBI a qualquer momento, com ou sem justificativa, Comey relatou ter ficado incomodado com as razões apresentadas pela Casa Branca para sua demissão.