Durante coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, 7, sobre a Operação Catarse e apreensão de documentos na Secretaria de Segurança Pública (SSP), o delegado José Anchieta Menezes afirmou que as investigações estão ocorrendo há dois meses e tem cerca de 300 servidores da Secretaria Geral de Governo investigados. "A principio tinhamos 10 pessoas sendo investigadas em Araguaína. Essa descrepância agora será analisada e repassada às delegacias de cada área onde residem esses servidores para que as delegacias façam as análises", informou.

O titular também destacou que foram recolhidos diversos documentos de frequência dos servidores, fichas funcionais (que é um arquivo que informa a data que o servidor entrou em exercício) e demontrativo de pagamento do que efetivamente é pago pelo orgão aos servidores da pasta. "Dentre as situações foi vista que há uma discrepância de mais de 300 servidores que recebem por aquela secretaria e o número de servidores que assinam a folha de frequência e dentre esses servidores que assinam também foram verificadas mais descrepâncias, como por exemplo, a servidorea de Araguaína que assinava a folha de frequência e a Polícia Civil tem indicios de que ela nunca trabalhou nessa secretaria".

O objetivo da operação, segundo o responsável, é a apreensão de documentos, no entanto “não há nos autos nenhum indicativo que o governo do Estado tinha conhecimento do caso”, explicou, acrescentando que até o momento, não há indícios de envolvimento do governador Mauro Carlesse (PHS) no caso.

De acordo com o delegado, a operação foi iniciada em Araguaína, a partir de uma denúncia anônima para descobrir funcionários fantasmas no Governo. A Polícia disse que chegou a solicitar à Secretaria de Governo a lista de presença de duas servidoras investigadas, contudo, as informações não foram repassadas na data. Uma delas é enfermeira e trabalhava no Hospital Regional de Palmas, mas estava lotada na Secretaria Geral e tinha sido cedida para a Secretaria de Articulação Política em junho de 2017. No entanto, fotos postadas em redes sociais demonstram que a servidora estava cursando Medicina em uma  faculdade, na Cidade Del Este, no Paraguai e consequentemente, morando no exterior.

A segunda investigada, também lotada na pasta, seria proprietária de um hotel de luxo em Araguaína. Na última quinta-feira, 6, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nesse hotel para apurar a possível prática de crime de peculato, envolvendo a funcionária identificada como Kátia Borba Neves.

Já nesta sexta, após análise preliminar do que foi apreendido, a polícia constatou pelo menos mais dez servidores fantasmas em Araguaina. “Existe uma discrepância de 300 servidores que não se sabem onde estão”, afirmou o delegado que ainda disse que nas dependências da Secretaria de Governo tem apenas 25 computadores e que a pasta não funciona em regime de plantão.

O titular ainda mencionou que segundo as investigações, 324 pessoas assinam a folha de ponto e a secretaria possui mais de 600 servidores que recebem salário mensalmente. Segundo o delegado, a folha de pagamento não bate com os documentos das folhas de ponto, o que, para a Polícia, significa que efetivamente a frequência não era fiscalizada.

Por fim, a Polícia confirmou que a partir do momento que for comprovado os crimes, todos os nomes serão divulgados e corporação iniciará uma força tarefa das delegacias para dedicação à investigação e análise de toda a documentação. "Agora vamos ter um período longo para analisar a documentação, aguardar a perícia da informática e quando concluir essas análises deve ocorrer uma nova fase da investigação".

Crime

Questionado se os crimes teriam alguma ligação com as eleições, a Polícia Civil observou que não poderia fazer tal afirmativa e que a partir de agora vai analisar quais os contratos são temporários, bem como os servidores comissionados e concursados. "Pelo o que foi apurado que fatos foram iniciados na atual gestão. os dois casos que foram investigados já a fundo pela Polícia Civil, ambos começaram na gestão anterior. isso não garante que não possam ter fatos recentes. Vai ser verificado caso a caso, a data de posse do servidor, tanto dos concursados, como dos contratos temporáros, que são inúmeros", frisou.

Governo

O Estado ressaltou que a Operação da Polícia Civil colabora com o levantamento que vem sendo realizado pela gestão. Por ter a capacidade de investigação policial, o trabalho da Polícia acrescenta muitas informações ao que já vem sendo feito pelo Governo, no sentido de apontar esses servidores e tão logo termine o período de vedação da Lei Eleitoral serão instaurados os devidos procedimentos administrativos contra os servidores identificados.

O Executivo afirmou ainda que atual gestão instituiu um grupo de trabalho visando uma diminuição da máquina pública. Essa reestruturação já vem identificando e levantando informações sobre servidores que se encontram em situação de ausência no trabalho. Fruto da reestruturação, no caso da Secretaria de Governo, e que a Secretaria contava com 1.020 servidores, atualmente 623 integram o quadro da Pasta.