Um vídeo de uma criança com câncer dançando uma música da cantora sertaneja Marília Mendonça viralizou nas redes sociais nas últimas semanas.

As imagens foram postadas no Facebook do médico residente de pediatria Paulo Martins, no último dia 14 de março, e já teve mais de 300 mil visualizações.

Martins trabalha no Hospital da Clínicas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e participa do projeto 'Turma Sangue Bom', que promove eventos em datas comemorativas na unidade.

Foi em uma dessas ocasiões que aconteceu a gravação. "Notei que enquanto eu entrava nos quartos e tocava as musicas, havia uma pequenina que me acompanhava dançando do lado de fora", escreveu o médico em sua conta do Facebook. "Quando saí do último quarto, não teve jeito, ela estava na porta me esperando, me olhando curiosa", disse.

Ele contou que foi alertado pelo pai da menina que ela gostava da cantora Marília Mendonça e foi aí que surgiu a ideia de tocar a música 'Eu Sei de Cor'. "Toquei e ela dançou divinamente bem". 

Leia o depoimento na íntegra:
"Nessa vida, o importante é ser feliz. Um dia antes, na visita habitual da enfermaria, vi que estávamos com muitos adolescentes internados e que eles sofriam com a ociosidade da internação, além das dificuldades inerentes ao momento em que passavam. Combinei com eles que no dia seguinte iria trazer o ukelele para fazermos um som e desopilarmos um pouco. No dia seguinte, como prometido, trouxe o instrumento. Aguardei o turno da tarde, onde as coisas pareciam estar mais calmas, para fazer um tour musical pela enfermaria da oncologia. Quando peguei o ukelele, parece que foi mágico, nas duas horas subsequentes não houve nenhuma intercorrência. Juntos a Minhas parceiras inestimáveis, Laila Rigolin Fortunato e Juliana Souza, começamos a tocar de quarto em quarto as musicas que cada paciente pedia. Sertanejo, rock, música gospel. Sob a supervisão da nossa enfermagem, íamos tocando duas, três musicas em cada quarto. Cada paciente cantou a plenos pulmões, se emocionou, pediu mais. Notei que enquanto eu entrava nos quartos e tocava as musicas, havia uma pequenina que me acompanhava dançando do lado de fora. Quando sai no último quarto, não teve jeito, ela estava na porta me esperando, me olhando curiosa. Pediram, "toca uma música para ela Paulão!". Inicialmente fiquei envergonhado, pois não sabia nenhuma música infantil. Mas o pai me acalmou, "ela gosta de Marília Mendonça". Não teve jeito. Comecei a tocar, baixinho, e na medida que os acordes e a letra iam fluindo, seus passos magicais foram me acompanhando. Dançou a música inteira. Terminei e me pediram outra. Medo Bobo. Toquei e ela dançou divinamente bem. Ao término, só alegria. Todo mundo feliz, leve. Aquilo se chamava Paz. Hoje, dias após, vejo que essa tarde, aparentemente tão simples, ganhou uma repercussão que eu jamais imaginaria. Mensagens, ligações, apoio. Me lembrei de todas as vezes em que meu jeito foi criticado, desde a graduação, até mesmo na residência. Mas não há dúvidas: quando a gente faz o que gosta, do jeito que gosta, dá certo. Nesta tarde, todos ganhamos. Na saudade intensa de casa e da minha família, nos braços dos pacientes e dos seus familiares, recebo todo afeto do mundo. Agradeço imensamente a toda a equipe multidisciplinar que trabalha na enfermaria do HC, pessoas fantásticas, aos meus preceptores exemplares, aos meus amigos da residência e, em especial, ao me sexteto que está diariamente junto comigo nessa batalha. Amar e se dedicar ao próximo jamais deve ser um fato único que chame a atenção, tem de ser algo constante e rotineiro. As crianças precisam disso! Nós que temos de levar alegria e boa energia nos lugares onde vamos, e jamais devemos nos abater com o mau humor, indiferença e tristeza que algumas vezes tentam nos contaminar. Ó impossível é só questão de opinião. Avante!"