O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que também ocupa o cargo de chanceler, convocou neste domingo (27) uma reunião para discutir como lidar com o mal-estar diplomático relacionado ao veto velado do Brasil à aprovação de Dani Dayan como próximo embaixador em Brasília.

Em entrevista ao jornal "The Times of Israel", a vice-chanceler, Tzipi Hotovely, revelou que, assim que passar o Ano Novo, o embaixador do Brasil em Israel, Henrique Sardinha Pinto, será convocado para ser informado de que Israel espera que a nomeação seja aprovada.

Segundo Hotovely, ele já foi convidado a comparecer à Chancelaria algumas vezes. Mas a mensagem, dessa vez, será mais veemente.

"Nosso embaixador anterior voltou há uma semana a Israel, e não vamos nomear outro nome. Israel vai deixar o relacionamento com o Brasil em seu nível diplomático secundário até a aprovação de Dani Dayan", disse Hotovely, referindo-se ao fato de que a embaixada ficará a cargo do ministro Lior Ben Dor.

No encontro, foram discutidas medidas para pressionar o Brasil a aceitar Dayan. Entre elas, um esforço diplomático incluindo apelo à comunidade judaica e a opinião pública brasileiras, passando por lobby junto a pessoas próximas à presidente. Há a expectativa de que Netanyahu se envolva pessoalmente na missão.

O Brasil estaria adiando a aprovação de Dayan pelo fato de que ele presidiu, de 2007 a 2013, o Conselho Yesha, que representa 500 mil colonos israelenses na Cisjordânia - onde mora - e em Jerusalém Oriental. O Brasil é contrário a assentamentos nesses locais.

A vice-chanceler também disse que, caso a situação não seja resolvida, haverá uma verdadeira crise diplomática.

"Dayan é uma pessoa digna, honrada, aceita por todo o espectro político israelense. Vamos dizer: recebam-no, se não vai realmente se tornar uma crise política e não vale a pena chegar a esse ponto."

O encontro aconteceu depois que a nomeação de Dayan completou quase cinco meses, sendo que o Itamaraty não deu, até agora, o "agrément" (autorização, no jargão diplomático) à nomeação. No sábado (26), Dayan quebrou o silêncio numa entrevista à TV afirmando que Israel mudou a avaliação de que o melhor a fazer era apenas esperar pelo "agrément".

Ao "Haaretz", Dayan disse que o premiê não fez o suficiente para ajudá-lo. "A resposta a esse caso vai determinar como países vão receber o próximo embaixador da Judeia e Samaria (Cisjordânia). Se Israel vai aceitar a realidade na qual milhares de israelenses serão desqualificados por causa de onde moram."

O ex-chanceler Avigdor Lieberman, de extrema direita, disse que a escolha foi um erro: "Antes de mandar alguém, você faz uma checagem. Há muitos países nos quais Dayan passaria facilmente, mas não no Brasil de Dilma Rousseff".