O zika está na origem do aumento dos casos da síndrome de Guillain-Barré, que provoca grave paralisia dos membros com efeitos respiratórios, segundo as conclusões de um estudo apresentado nesta terça-feira pelo Instituto Pasteur, em Paris.

A equipe de pesquisadores que trabalhou sobre a epidemia do zika que afetou a Polinésia francesa em 2013-2014 (e que infectou dois terços da população do arquipélago) estimaram o risco de sofrer da síndrome de Guillain-Barré em 2,4 casos para cada 10 mil infectados, destacou o Instituto Pasteur em comunicado.

Os cientistas do Instituto Luis Malardé confirmaram que todos os pacientes que desenvolveram a síndrome tinham tido uma infecção recente do zika.

Eles constataram que sofriam um problema nervoso chamado axonal motora agudo, que afetava diretamente o prolongamento do neurônio em direção às terminações nervosas, e que isso era diferente das formas clássicas observadas na Europa.

Dos pacientes, 38% (16 em números absolutos) tiveram que ser atendidos nos serviços de reanimação para receber assistência respiratória durante a fase aguda da doença.

Mas uma vez superada a fase crítica, a metade pôde caminhar sem assistência três meses mais tarde.

Arnaud Fontanet, um dos responsáveis pelo estudo, ressaltou sua importância porque "permite confirmar o papel da infecção pelo vírus do zika como origem dessa complicação neurológica grave que é a síndrome de Guillain-Barré".

Isso significa, acrescentou Fontanet, que as regiões do mundo que atualmente sofrem a epidemia do zika "devem esperar um aumento significativo do número de pacientes afetados por problemas neurológicos graves e antecipar seu atendimento em reanimação quando for possível fazê-lo".

A esse respeito, o Instituto Pasteur se referiu à extensão da epidemia à América Latina e a outros países, onde foi detectado um aumento do número de casos da síndrome de Guillain-Barré e dos nascimentos de bebês com microcefalia.