O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assumiu falhas na comunicação da Casa Branca neste turbulento início de mandato. "Minha comunicação não tem sido boa", disse, em entrevista à rede Fox News exibida nesta terça-feira (28), quando ele irá fazer seu primeiro discurso ao Congresso.

Trump deu uma nota "C", intermediária, aos esforços de comunicação de seu governo, e disse que seu plano de remover imigrantes ilegais condenados e de construção de um muro na fronteira com o México talvez não tenha sido apresentado de forma satisfatória. "E talvez isso seja minha culpa", completou.

Nos últimos dias, relatos de que o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, teria convocado uma reunião para vasculhar aparelhos eletrônicos de membros da equipe do governo para tentar impedir vazamentos acirraram o clima de tensão na Casa Branca.

Questionado sobre os métodos de seu porta-voz, o presidente respondeu: "Sean Spicer é um ótimo ser humano. Ele é uma ótima pessoa. Eu teria feito isso de outra forma. Eu teria feito isso um por um". Mas acrescentou: "Sean lidou com isso da maneira dele e estou OK com isso".

Na semana passada, a Casa Branca barrou jornalistas de veículos críticos ao governo Trump das entrevistas coletivas diárias com Spicer.

Ainda sobre imigração, Trump afirmou que "estamos pegando os maus, as pessoas más, as gangues, os traficantes, em alguns casos assassinos". "Eu sou muito mais duro em relação aos caras maus", disse, alegando que o ex-presidente Barack Obama "era muito menos preocupado com isso".

Em relação ao Obamacare, que o governo republicano pretende desmontar, Trump afirmou que seu plano -ainda não divulgado- de substituir o programa de subsídios para planos de saúde aos mais pobres é "realmente maravilhoso e inclusivo". Espera-se que o presidente detalhe o plano no discurso aos congressistas na noite desta terça-feira.

"Acredito que temos um ótimo plano e acho que estão batendo muito no Congresso, mas não é culpa deles. Estou aqui há apenas, está é o que, minha quinta semana?", lembrou Trump.

Um dia após sugerir um aumento histórico de US$ 54 bilhões no orçamento militar dos EUA, Trump afirmou que a maior parte desse dinheiro virá de cortes de verbas ao Departamento de Estado e à Agência de Proteção Ambiental.

Na entrevista desta terça, o presidente sugeriu que a ajuda internacional a outros países poderá ser cortada. "Teremos de fazer coisas em relação aos outros países porque estamos sendo tratados de forma muito, muito injusta", disse ele. "Nós estamos cuidando dos militares deles e não estamos sendo reembolsados.

Eles são países ricos", disse, sem citar números ou nações.

Desde a campanha eleitoral, Trump critica a aliança militar ocidental, a Otan, e a pouca participação dos países europeus no orçamento da entidade -os EUA contribuem com cerca de 70% dos gastos da aliança.

O presidente americano afirmou à Fox News que irá usar suas habilidades de empresário para negociar a redução desses custos para os EUA. "Eu vou me envolver nas negociações. Nós temos muitos aviões e embarcações... estamos gastando muito dinheiro individualmente."

OSCAR
Em entrevista ao site conservador "Breitbart News", Trump disse na segunda-feira (27) que a confusão no fim da cerimônia do Oscar foi causada pela obsessão de Hollywood por ele. Segundo o presidente, a premiação "focou tanto a política" que se descuidou da organização.

A cerimônia de entrega das estatuetas foi marcada por ironias e críticas a Trump, que tem poucos admiradores na indústria do cinema.

No momento do anúncio de melhor filme, um envelope errado foi dado aos apresentadores, que anunciaram "La La Land" como vencedor, quando o prêmio deveria ser entregue a "Moonlight".