De férias, resolvi passear com minha esposa e meu enteado em um shopping da Capital.  Ao entrar no banheiro masculino, percebi o ambiente limpo e cheiroso. O piso parecia refletir o meu rosto, de tão limpo, e no ar, o aroma inebriante de um gostoso aromatizante.
 
Ao usar o banheiro fiquei imaginando quem seria a pessoa responsável por aquela limpeza impecável. Ao sair do banheiro, percebi um rapaz franzino, usando óculos e uniformizado, próximo à porta. Perguntei a ele quem deixava aquele espaço tão cheiroso e limpo. De forma educada e com um sorriso no rosto, me disse ser o  responsável por aquele banheiro, e , todos os dias, das 13h30 às 22h, era ali que praticamente passava a maior parte do seu tempo, e vez ou outra saia para recolher o lixo nos quiosques.
 
Durante nosso papo sobre limpeza de banheiro, em momento algum ele demonstrou que estava insatisfeito com o seu oficio. Então,  o elogiei pelo seu trabalho, pedi permissão para fazer uma selfie e me despedi. 
 
Ao encontrar com meu enteado, Joaby Henrique, de 16 anos, que está descobrindo os sabores e as dores da vida, contei a ele sobre o oficio daquele  rapaz e o chamei para conhecê-lo.
 
Conversamos novamente. O rapaz, mais uma vez, educadamente, me confidenciou que gostava do que fazia, mas queria ter mais tempo para estudar e estar com a sua família. E para nossa surpresa, ainda nos disse que tinha formação pelo Senai como eletricista e curso técnico em manutenção de computador.
 
Fomos embora impressionados com a história daquele rapaz casado, pai de um filho que deixava o banheiro do shopping “um brinco” de cheiroso e limpo, e ainda reservava  novos sonhos pra realizar.
 
Sentei-me para tomar um cafezinho, e resolvi postar uma foto dele, no storie do  meu instagram, aliás, meu enteado, o fez por mim, pois me considero avesso à esses aplicativos. E na legenda, resumi o que ele fazia naquele local, e invoquei na legenda, que o rapaz  merecia novas oportunidades.
 
Em casa, para minha surpresa, recebi o contato de  uma pessoa, que conheço apenas de contato profissional, nunca a vi pessoalmente,  que viu no meu status, a história do Caleb. Ela me pediu o  currículo do jovem.
 
Ao me enviar  o currículo, Caleb, humildemente, ainda  me mandou  um atestado de que ele era PCD. 
 
Eu disse a ele, que poderia ser uma boa proposta de emprego, ele me enviou um áudio em que me agradecia pela nova oportunidade, e disse-me: -Foi Deus quem colocou você em minha vida.
 
Ao enviar o currículo dele para a pessoa que me solicitou, ela foi enfática: - Foi Deus quem colocou ele na minha vida. Vou organizar a vida desse rapaz.
 
E nessa “simbiose”, em que Deus, sempre esteve presente na minha vida, na vida do Caleb, e  na vida daquela “mulher  abençoada”, conseguimos, que o Caleb, alçasse novos vôos. 
 
Hoje, Caleb, está em um novo emprego, com um salário mais justo, e o melhor de tudo, com mais tempo para a família, pois não trabalha aos domingos e nem feriados. E ainda lhe sobrará tempo disponível para investir nos seus estudos, o que ele mais queria. Ou seja: uma oportunidade.