Um estudo da Datafolha aponta que, 62% dos moradores de cidades com mais de 100 mil habitantes têm medo de agressões da Polícia Militar. É o que constata pesquisa divulgada ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que revelou ainda que 81%, com mais de 16 anos e idade, dos moradores das cidades brasileiras têm medo de morrer assassinados.

A informação consta de levantamento encomendado pelo fórum ao Instituto Datafolha, e ouviu 1.307 pessoas em 84 municípios com mais de 100 mil habitantes, na última terça-feira. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Entre os que afirmaram ter medo da corporação, a maior parte é jovem, pobre, negro e morador do Nordeste. Os números ainda indicam que 53% da população tem medo de sofrer algum tipo de violência da Polícia Civil.

O levantamento também mostra que 62% da população tem medo da Polícia Militar, especialmente pessoas entre 16 e 24 anos, que recebem até dois salários-mínimos (68%) e são pretas (71%). No caso da Polícia Civil, o medo foi manifestado por 53% dos entrevistados, a maioria mulher. “Essa é uma informação [sobre as policias] requer uma reflexão, destacou o vice-presidente do fórum, Renato Sérgio de Lima.

“Sessenta e três por cento das pessoas têm muito medo [de morrer assassinadas] e 49%, com medo, acham que podem ser vítimas já no próximo ano”, disse o Renato Sérgio de Lima, que apresentou os dados. “Ou seja, temos uma população atemorizada”, destacou.

Em 2012, o número de pessoas com medo de morrer assassinadas era menor. Naquele ano, levantamento semelhante do Datafolha em cidades com 15 mil habitantes mostrava que esse medo era de 65%, sendo que, em 2015, é maior entre mulheres, pessoas de cor preta e do Nordeste.

Outro dado revelador foi a constatação que mais da metade dos brasileiros - 52% - têm um conhecido ou parente que foi vítima de homicídio, e 20% deles já foi vítima de ameaça de homicídio. “Isso diz que a população não está com medo à toa, a violência faz parte do cotidiano”, pontuou.

Para enfrentar o problema, que coloca o Brasil na lista dos países que concentram homicídios no mundo e está no sétimo lugar em número de assassinatos na América Latina, segundo as Nações Unidas, a população quer ações integradas de governos que não passem por abordagens agressivas com suspeitos, conforme apontam também os dados do Datafolha.