O número de mulheres presas cresceu 698% no Brasil em 16 anos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça, divulgados através da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e segundo o órgão,  do total de mulheres em cárcere, 60% estão cumprindo pena por crimes relacionados ao tráfico de drogas. Há um percentual de que afirmam estão na criminalidade por influência do cônjuge. A DPE aponta que os números, ainda que nacionais, refletem um cenário semelhante no Tocantins.

A coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa do Preso (Nadep) da DPE-TO, defensora Napociani Póvoa aponta que as mulheres privadas de liberdade no Tocantins são mães, esposas, irmãs e avós que expõem um drama comum: foram coagidas a se envolver no crime por amor. “A inserção na seara criminal, por vezes, se dá através de uma relação amorosa, de onde a mulher é convencida por seu parceiro a colaborar com a prática de tráfico”, considera a defensora. A maioria das mulheres na Unidade Prisional Feminina (UPF) de Palmas tem idade entre 18 a 25 anos, é de baixa renda e com pouca escolaridade.  

Segundo a DPE, na UPF existem histórias de mulheres recolhidas – entre as 30 presas provisórias e 23 condenadas - que remetem a um histórico de pobreza e de envolvimento com o tráfico, que muitas vezes, começou a partir de um relacionamento amoroso. A DPE conta a história de Vanessa Lopes, uma das presas que segue a estatística e foi condenada por tráfico. Grávida pela primeira vez aos 12 anos, a apenada espera seu nono filho, mas conta que três faleceram. Ela fala que chegou ao tráfico induzida pelo ex-namorado: “O amor garantiu a minha autodestruição, eu estraguei a minha vida por amor”, lamenta.

Nacional

Conforme dados do Depen, no ano 2000 havia 5.601 mulheres presas no País. Em 2016, o número saltou para 44.721. Em apenas dois anos, entre dezembro de 2014 e dezembro de 2016, houve aumento de 19,6%, subindo de 37.380 para 44.721. Depois do tráfico de drogas, a principal acusação que leva ao encarceramento feminino é furto (9%) e roubo (8%).