Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
“Faz parte da ética e da visão econômica moderna dos bons agropecuaristas cuidar dos seus solos e águas.”
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
Base da produção

Solo é sinônimo de agropecuária - atividade de lavrar e manejar bem as terras e as culturas como meio de transformar insumos em produtos comerciais. Cuidar bem dos solos significa não só ganhar mais dinheiro, mas também cuidar das nossas águas, da nossa segurança alimentar, ser ético como proprietário rural - em um país que clama por ética em todos os níveis, não só na política. Para tanto, é fundamental o manejo agronômico dos solos e das culturas, com alguns eixos: entender e respeitar a vocação ambiental da gleba e os limites de uso dos seus solos; controlar a erosão, a desertificação, a poluição com produtos químicos e orgânicos; otimizar o balanço hídrico dos solos, neles retendo águas de chuvas por mais tempo. Questão de dever e visão estratégica!

Licenciamento não resolve!

Conservação e manejo de solos e águas não cabem nos atuais licenciamentos ambientais de atividades rurais - limitados e burocráticos demais para a sua grandeza, complexidade e beleza. Só a soma do conhecer e manejar constante dos solos e das culturas da propriedade, sob adequada assistência técnica e uma nova visão de construção e manutenção de estradas rurais podem trazer a estabilidade e os resultados necessários. Sob a ótica da Edafologia - área de conhecimento agronômico.

 

Práticas conservacionistas

É um simplismo rasteiro achar que conservação de solos é simplesmente terraceamento. Existem inúmeras outras práticas - de caráter mecânico, gerencial ou ligadas à cultura. Entre elas: plantio direto, cultivo mínimo, cordões de contorno, canais vegetados, estradas e carreadores não erosivos; desmate, gradeação, plantio e cultivo - todos em nível; ; escolha da cultura e época de preparo do solo e semeadura; rotação de culturas, adubação verde, adição de matéria orgânica, zoneamento da propriedade e construção da fertilidade do solo.

Tarefa para muitos

A ANA não resolverá os problemas das crises entrelaçadas das águas e dos solos brasileiros. O desafio é muito maior e mais complexo do que sua atual estrutura, competência legal e poder político permitem atuar. Precisamos de um pacto nacional de cuidar bem de nossos solos e águas em conjunto, integrando a cadeia produtiva da agropecuária e da construção civil com os governos da federação, estados e municípios - nas áreas de meio ambiente, agropecuária, infraestrutura e cidades. É a nossa única chance.

 

Conexão com o sagrado

Fica o convite a quem tem qualquer porção de terra - fazenda, chácara ou quintal e aos que fazem seu gerenciamento técnico e legal. Façam do cultivo da terra e da proximidade, entendimento e respeito aos elementos naturais, uma forma de se relacionar com o sagrado - a Mãe Terra que nos dá a vida, e seu Criador. Você irá vivenciar e aprender coisas que nenhum texto escrito, fala humana, lei ou templo construído poderá lhe ensinar.

Para se aprofundar no assunto, escute “Cio da terra”, canção de Milton Nascimento e Chico Buarque; leia “O cântico da terra” de Cora Coralina, e a “Carta do Chefe Seatlle”, de 1855. E os manuais de boas práticas agrícolas da Bunge (e TNC) e do Rabobank. Mescle técnica com filosofia.

DICA

Navegue pelo assunto:

Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.

Comentários