Sustentabilidade

O aquecimento global, que traz imprevisibilidade, mudanças e extremos climáticos, só aumenta as complexidades e riscos de um setor duro, que enfrenta piora das condições ambientais, endurecimento das leis, competição interna e externa, incertezas econômicas, gargalos de infraestrutura, burocracia e ineficácia de governos. Definitivamente, campo é coisa para profissionais; amadores e exploradores perecerão, cedo ou tarde.

Um exemplo de pacote tecnológico muito eficaz são os sistemas produtivos desenvolvidos pela Embrapa e que integram lavoura, pecuária e floresta em diferentes arranjos espaciais e temporais (ILPF e Plano ABC). Com eles, é possível recuperar áreas degradadas e torná-las produtivas, dobrar a produção nacional de grãos e quintuplicar a de carne, sem desmatar um hectare.

A governança do equilíbrio tecnológico é responsabilidade de todos: governos, cadeia produtiva, sistema de ensino, pesquisa e extensão. Mas nem sempre o interesse local e individual dos produtores, sua escala, condições, e as possibilidades deles decorrentes, coincidem com as vocações, desafios e interesses estratégicos das regiões e do setor como um todo. Daí a necessidade dos olhares cruzados e das responsabilidades duplicadas – locais e dos arranjos produtivos. E a boa indução de governos.

Alta produtividade é uma das premissas de equilíbrio ambiental, pois as tecnologias que a promovem, via de regra, também protegem solos e águas. E segundo, porque o aumento da produção ocorre sem o desmate de novas áreas.

Se as safras e os rebanhos são os ovos de ouro do produtor, a galinha dos ovos de ouro são os meios de produção. E entre eles, a base ambiental – junto com a gestão - , é muito mais crítica do que maquinário, financiamento ou estrutura. Cuidar do ambiente é egoísmo inteligente, esclarecido, é um kit de sobrevivência técnico.

O pacote tecnológico da produção tem de ser sistêmico, equilibrado, implica em sinergia com a natureza, não sua exploração. Envolve gestão empresarial e agronômica, construção da fertilidade e manejo do solo, bom balanço hídrico da propriedade, respeito à sua vocação ambiental, uso racional da água, rotação e diversificação de culturas, aproveitamento de resíduos, autogeração de energia, entre outras pautas.

■ O custo de uma boa assistência técnica é muito baixo perto dos ganhos econômicos, sociais e ambientais que ela traz, em qualquer escala.

■ Visite a Agrotins não apenas com olhos para caminoetas e grandes máquinas. A maior riqueza da feira está nas tecnologias integradas e diversificadas.