Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
A lógica do ganhar dinheiro com lixo

A geração de lixo urbano no Brasil beira as 80 milhões de toneladas anuais, e cresce bem mais do que a população. Empreendedorismo, lógica econômica e mudança de paradigmas podem trazer a inversão da situação: a pilha gigantesca de problemas ambientais, sociais e econômicos torna-se uma montanha de ativos, com inúmeras oportunidades de negócios. As soluções já existem, variadas, acontecendo em larga escala, com muitos cases de sucesso. Resta torná-las regra e lógica geral, pelo caminho do repensar e do empreender. Tarefa, desafio e oportunidade para governos, empresas, universidades, organizações e pessoas.

Pneus I

Pneus inservíveis tem um sem fim de aplicações, a partir do seu processamento industrial: pisos esportivos e industriais, delimitadores de trânsito, mantas acústicas, tubos de drenagem, compostos para novos pneus ou reuso por vulcanização e recapagem, entre outras. Mas os usos de maior consumo – que fazem frente ao descarte anual de cerca de 40 milhões de carcaças, são o asfalto emborrachado, com enormes vantagens sobre o comum; e a queima em fornos de fábricas de cimento.

Pneus II

Pneus velhos tem uma série de usos quando manufaturados: controle de erosão, paredes, barreiras, móveis, brinquedos, play grounds, esculturas, etc. Aqui, as vantagens não estão na escala de consumo, mas no sem fim de soluções proporcionadas em diversas atividades e na geração de renda e trabalho.

Sucata eletrônica

O brasileiro gera ao ano 7 kg de lixo eletroeletrônico: TVs, computadores, impressoras, celulares, linha branca, etc. Diante destes 1,4 milhões de toneladas de e-waste, um empreendedor paulista largou seu emprego e criou um pequeno negócio, que hoje lhe rende 30 mil reais mensais.

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Encrenca tóxica

No meio do e-waste, geramos 1 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias, encrenca tóxica da pesada. A retirada do meio ambiente deste material por si só já nos coloca no lucro.

Tetraplak

O Brasil produz 6 bilhões de embalagens tetraplak por ano, de difícil reciclagem e alta duração no meio ambiente. Já existem 15 empresas que produzem telhas, tapumes e revestimentos a partir delas, com uma série de vantagens sobre as convencionais: menor custo e peso, maior durabilidade e resistência, não toxicidade. Mas a reciclagem ainda é apenas 14% do total produzido. Para se fazer uma telha, gasta-se cerca de 1.500 embalagens. Quanto vale este mercado?

Lixo ou objetos?

Sofás e outros móveis, luminárias, objetos de decoração, vasos, portas, janelas, materiais de construção, tecidos, sucata de ferro – paraíso de arquitetos, designers, descolados e apertados. A nossa criatividade (ou necessidade) é o limite. Por que não turbinar a geração de renda e trabalho, valorizar os ofícios ou salvar seu orçamento com algo tão rico e interessante?

Restos vegetais

Galhadas de poda urbana são solução, se usadas como lenha ou paliçadas de controle de erosão (troncos) ou transformadas em adubo orgânico (galhos e folhas). Palmas descobriu este caminho nos últimos anos, com a ajuda dos fungos, e aduba suas hortas a partir do que antes era queimado.

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