Uma formação cidadã e humanizada. Este é o desafio na educação, nos dias atuais, segundo o professor mestre e doutor em Filosofia e Educação César Nunes, que ministrou, na manhã de ontem, a última conferência do 7º Congresso Pensar. Conforme Nunes, a Educação e Direito de Aprender, tema de sua fala, é, também, a nova orientação das escolas brasileiras, a partir do novo Plano Nacional da Educação (PNE), que foi aprovado na última quarta-feira.

 

Segundo o professor, o primeiro passo para a mudança é aceitar a criança como principal sujeito de seu aprendizado. “Até o ano de 2010 éramos muito focados nas competências e, agora, o foco é na prática social. Temos que divulgar o respeito, a valorização da nossa própria cultura, deixar para trás essa tradição excludente e desenvolver mecanismos para incluir os alunos no processo de ensino-aprendizagem”, frisou o educador.

 

Transformação

O professor explicou que, nos últimos 50 anos, com a crescente urbanização do País, houve uma quebra dos papéis tradicionais da família, e os pais, sobrecarregados com o trabalho, acabam terceirizando funções que deveriam ser da família, que é de transmitir os primeiros valores morais. “Assim, a escola gasta tempo demais em papéis que não são dela, e deixa de exercer sua função”, justificou.

 

Para Nunes, com o novo PNE e as Diretrizes Curriculares Nacionais, a humanização, a cidadania e o direito à aprendizagem estão sendo, pela primeira vez, inseridos na educação brasileira. “A escola de hoje tem duas grandes linhas: humanização e cidadania. A cidadania cultural antecede à política”, ressaltou.

Desafios

Segundo o professor, a valorização da cultura regional é um dos principais desafios para a mudança de paradigma da educação. “Outro desafio é promover uma análise crítica dos meios de comunicação, que reforçam valores como consumismo, hedonismo, apelo sexual e a cultura internacional. E, por último, temos que fazer da escola um lugar de vida”, frisou Nunes.

Para o educador, hoje, o ambiente escolar é muito autoritário e adultista. “Estamos mais perto do presídio do que da escola. O ambiente escolar tem sobre si uma identidade nebulosa, que se esconde um pouco, e é preciso coragem para decifrar essa identidade”, disse, e questionou: “como juntar uma escola do século XIX, professores do século XX, e alunos do século XXI?”.

 

Motivação

Para o professor José Antônio, da Diretoria Regional de Ensino de Palmas, a conferência ministrada por Nunes foi um dos momentos mais enriquecedores do congresso.

 

“Os palestrantes foram muito bem escolhidos. São momentos como estes que nos fazem repensar nossas práticas e aumentam nossa motivação”, afirmou.

 

A educadora Christiane Rodrigues de Souza, da Escola de Tempo Integral (ETI) Daniel Batista, de Palmas, se emocionou bastante com a fala de Nunes.

 

“Esta conferência fez com que repensássemos nossa postura com as crianças. Às vezes, nós rotulamos, julgamos e condenamos nossos alunos, enquanto nosso papel seria o de cuidar deles”, frisou.