Mulheres que pagam por um plano de saúde pensando que terão todas as despesas cobertas quando necessitarem usá-lo podem estar enganadas. Quando forem dar à luz, por exemplo, poderão ter que desembolsar a mais se decidirem que o atendimento seja feito pelo mesmo médico que fez o pré-natal. Enquanto um parto normal pode custar até R$1.500,00, mesmo que a paciente tenha um plano de saúde, o cesáreo pode chegar a R$1.900,00, nos hospitais particulares. Apesar de o valor ser alto, muitas mulheres preferem pagar o extra.

A secretária Isabela Cristina Dantas Bernardes, 24, conta que optou por pagar a diferença e garantir a exclusividade médica na hora do parto. “O médico alegou que se pagasse ele iria ter um tempo para mim. Ele não viajaria entre os dias do meu parto e iria me atender pessoalmente e por ligações no celular”, explica.

Isabela diz que decidiu pelo parto normal, mas devido a algumas complicações sua filha nasceu por cesariana. Segundo ela, no primeiro momento, achou errado pagar o valor extra mesmo tendo o plano de saúde, mas acabou entendendo a cobrança no decorrer da gravidez. “Tudo foi realizado através de um contrato, onde ambas as partes estavam cientes”, explica ela.

O presidente do Sindicato Tocantinense de Ginecologia e Obstetrícia, Pedro Caldas, afirma que os médicos não têm contratos com os planos de saúde para o atendimento ao parto fora dos horários habituais de trabalho dos especialistas. Segundo ele, em 2012, a ANS fez uma consulta ao Conselho Federal de Medicina (CFM) questionando os procedimentos referentes aos planos de saúde e partos.

Caldas diz que o CFM respondeu à ANS que os procedimentos de pré-natal e partos são distintos e que, se o médico estiver exclusivamente à disposição da paciente, os partos serão cobrados à parte.

Para Caldas, a ANS deveria obrigar os planos de saúde a disponibilizar maternidade com plantão 24 horas para a paciente, deixando a mulher escolher com quem quer fazer o parto. “Um parto pode durar 24 horas, 30 horas. Então, imagina o mesmo profissional acompanhando um trabalho de parto, é exaustivo”, alega.

Cobertura

O diretor da Unimed, Jorge Mendes, afirma que o plano de saúde cobre os dois tipos de parto, mas que não pode interferir na vontade e exigência da mãe. “A mãe tem o direito de ter seu parto do jeito que interessar a ela, o que acontece é que o médico que fez seu pré-natal, às vezes, não é o plantonista do dia”, diz Mendes, ressaltando que a Unimed conta com 40 médicos ginecologistas e obstetras cooperados à disposição das pacientes.

Porém, Mendes lembra que, se a mãe quiser escolher o médico para ganhar seu filho de maneira natural, tem que pagar à parte.

O mesmo ocorre quando a cobertura é pelo Plansaúde, plano dos servidores públicos estaduais.