Há 12 anos, Maria da Penha dos Santos, 50 anos, e o mecânico Arion Rodrigues do Nascimento, 39 anos, iniciaram uma relação amorosa no estilo mais clássico: até que a morte os separe. E em nome dessa relação eles celebraram, na tarde de ontem, essa união. Por estar em situação irreversível, após um acidente de trânsito, Nascimento teve um sonho e informou à família seu desejo de receber as bênçãos religiosas para a união com Maria da Penha, com quem tem uma filha de 11 anos, Ana Caroline. O casamento foi celebrado por um pastor na capela do Hospital Geral de Palmas (HGP).

O acidente que deixou Nascimento tetraplégico aconteceu no dia 12 de abril de 2015, quando o veículo onde estava bateu em um barranco e capotou, na cidade de Colmeia, a 206 km de Palmas, onde residem. Ele sofreu uma lesão medular completa e ficou por um ano e três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e agora está há seis meses na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) do hospital. Consciente, contou à esposa que não desejava morrer “no pecado”, sem receber as bênçãos religiosas. No sonho, Deus teria dito que ele morreria em breve.

“Eu sempre dizia para ele, após o acidente, que quando ele saísse do hospital nós íamos nos casar. Mas diante dessa situação que se encontra, ele mesmo propôs que gostaria de se casar comigo”, contou a noiva. O estado de saúde do paciente é considerado gravíssimo.

Cerimônia

O irmão de Maria da Penha, Ione José, acompanhou a noiva até o altar, onde Nascimento a esperava. A cerimônia parou o hospital e emocionou outros pacientes, funcionários e amigos do casal. Ana Caroline foi a dama de honra. A equipe médica ficou todo o tempo ao lado de Nascimento, que contou com equipamento para garantir a respiração.

Assim como Nascimento, Maria da Penha é uma guerreira. Ela luta há 15 anos contra o câncer de pele e já realizou mais de dez cirurgias plásticas. Emocionada com o apoio recebido para que o sonho fosse realizado, agradeceu à equipe médica do hospital e também servidores da Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social (Setas). “A Casa de Apoio Vera Lúcia tem sido minha segunda família, só tenho a agradecer”.

O dia de noiva também foi conseguido através de parcerias, com direito a cabeleireiro, maquiagem, vestido de noiva e fotos.