Após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Toth, que investiga suposta venda de sentenças e lavagem de dinheiro, que tem como principal investigado o ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) desembargador Ronaldo Eurípedes de Souza, o Jornal do Tocantins teve acesso à decisão do ministro OG Fernandes, do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que determinou a busca e apreensão no gabinete e em fazendas de propriedade do magistrado.
A PF apura o suposto enriquecimento elevado dos bens do desembargador através da venda de sentenças, e diversas conversas telefônicas dele, do seu motorista Luso Aurélio de Souza Soares (nomeado como assessor) e que são citados no documento do STJ.


A polícia afirma que houve "um incremento na compra de imóveis rurais" pelo desembargador a partir de 2012, ano em que assumiu o cargo no Tribunal de Justiça, com a compra de 28 imóveis, sendo que 22 foram adquiridos a partir da data que tomou posse como presidente do TJ-TO, em fevereiro de 2015.


Conforme a investigação ficou evidente que Luso atuava como operador financeiro do desembargador Ronaldo Eurípedes, e efetuava contatos com instituições financeiras e gerenciava o seu rebanho bovino. Segundo a polícia, essa atuação ficou clara em uma conversa telefônica monitorada em que Luso teve com o gerente de um banco e pede para ele fazer uma transação financeira com “urgência” no valor de R$ 170 mil, registrada no dia 14 de maio deste ano.

Em outra conversa com uma pessoa identificada como Wesley, que seria próxima à Luso, com data do dia 29 de maio deste ano, eles falam com preocupação sobre o processo referente à Ronaldo Eurípedes que estaria sendo votado na Comissão Nacional de Justiça (CNJ). 
Também é investigada pela PF a esposa do magistrado, Inêz Ribeiro Souza Borges, que teria acertado a aquisição de um carro de alto luxo, e contava com o apoio de Luso.

Venda de sentenças
O Ministério Público Federal (MPF) acrescentou à investigação que há três casos em que o desembargador Eurípedes pode estar sendo investigado. Um deles envolve o ex-procurador geral de Justiça, Clenan Renault e seus filhos advogados, referente a uma indenização milionária de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da Usina Hidrelétrica de Lajeado. O magistrado é investigado também por conceder o habeas corpus ao acusado de ser o mandante do crime que causou a chacina de ciganos em Araguaína em 2012, em que teria recebido R$ 300 mil e por liberar da prisão Eduardo Pereira, o Duda, acusado de mandar matar o dono empresário Wenceslau Gomes Leobas, Wencim, em Porto Nacional, em 2016.