A descoberta de uma gravidez gemelar desperta uma magia em torno da gestação que se intensifica quando é univitelina. A semelhança existentes entre os filhos quase sempre desperta a vontade de igualá-los nas vestimentas, penteados e até no nome. Mas tudo precisa de muita cautela. É o que recomenda a psicóloga comportamental Marina Komka.

“O importante é estimular características especificas da personalidade de cada um. A autonomia de cada um, o que cada um tem de especifico, de diferente”, alerta a especialista, destacando a possibilidade de se desenvolver uma codependência entre os irmãos, quando se esconde por trás da personalidade do outro. “Se for colocar a roupa igual, que seja pelo menos de cor diferente. Dê espaço para que cada um crie seu estilo próprio”, reforça, concluindo que a comparação pode causar, inclusive, sofrimento às crianças.

Gêmeos idênticos, Ronei Alerrandro e Ronan Alecsander, 26, são lembrados diariamente da semelhança física, mas afirmam se limitar a isso. “Temos a personalidade bem diferente. O Ronan é mais sério e eu sou mais simpático, por exemplo”, brinca Ronei, que garante veementemente que não combinaram a roupa que usariam para conversar com a equipe do JTo, uma vez que ambos trajavam camiseta azul-marinho e short bege.

Das desvantagens de ser gêmeo, eles destacam justamente o que a psicóloga Marina Komka afirmou: as comparações. “Por sermos idênticos, as pessoas teimam em dizer que somos a mesma pessoa. Somos muito diferentes e quem convive sabe”, afirmou Ronan.

Amigo dos dois há oito anos, Lucas Lima de Oliveira, 26, fala que conseguiu diferenciar os dois logo no início da amizade. Eles se conheceram no Exército. “Sempre fui muito observador, então conseguia diferenciar quem era da minha companhia e qual era o outro”, diz.

A separação dos irmãos no processo escolar pode ser algo que auxilie na construção da identidade de cada um. “Mesmo que ambos vão para a mesma escola, que outra atividade extracurricular eles podem desenvolver separados?”, questiona a psicóloga Marina que, coincidentemente, possui uma irmã gêmea bivitelina, ou seja, não são semelhantes fisicamente. “Na nossa adolescência nós percebemos essa necessidade e resolvemos fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. Cada uma foi em um semestre e ficamos quase um ano sem nos ver, e cada uma desenvolveu uma autonomia que mudou a nossa vida”, relembrou.

Ronan e Ronei foram para escolas diferentes quando vieram de Porto Velho (RO) para Palmas, aos 12 anos de idade. O motivo era a bagunça que faziam quando estavam juntos, mas o processo foi importante par que eles criassem grupos de amizade independentes, o que contribuiu diretamente com a construção da personalidade de cada um.

Psicóloga, que também é gêmea, alerta sobre a importância de preservar a personalidade de cada um